Anunciado nesta terça-feira (8) como novo técnico do Santa Cruz - vai substituir Itamar Schulle -, Marcelo Martelotte é um velho conhecido do torcedor coral, tendo acumulado nada mais do que três passagens como técnico coral. Tanto conhecimento do Arruda, ele ainda foi goleiro da equipe na década de 90, faz de Martelotte um dos profissionais com maior identificação com a Cobra Coral na história recente, o que nem sempre quer dizer que seja unanimidade. A realidade é que a carreira do treinador no Santa Cruz é cercada por altos e alguns baixos.
A trajetória no Tricolor começou na época do ainda goleiro Marcelo, na década de 1990. O novo técnico coral foi titular na histórica conquista do Campeonato Pernambucano de 1993, quando o Santa Cruz bateu o Náutico por 2 a 1, no Arruda. Na ocasião, o clube das três cores estava com um jogador a menos desde o primeiro tempo e perdia o jogo até os 37 da segunda etapa. Entretanto, com uma reviravolta emblemática, o Santa Cruz empatou aos 38 e virou aos 44, conquistando assim o Estadual daquele ano. Martelotte ainda voltou a ser goleiro do clube em 99.
Quase duas décadas depois da passagem como goleiro, Marcelo Martelotte retornou ao Arruda em 2013 para iniciar sua caminhada como treinador. Na época, foi contratado como uma aposta da diretoria, já que havia trabalhado como auxiliar técnico e interino no Santos, além de passagens por Taubaté e Ituano. Além da falta de experiência, o pesava também contra Martelotte o fato de ter que substituir Zé Teodoro, responsável pela conquista dos Pernambucanos de 2011 e 2012 contra o Sport.
E o início realmente não foi fácil. Isso porque o Santa Cruz foi eliminado em casa para o Fortaleza, pela Copa do Nordeste. O insucesso, no entanto, não se repetiu no Pernambucano. Classificado em terceiro lugar na fase classificatória, o Tricolor não tomou conhecimento do Náutico nas semifinais e venceu os dois jogos da eliminatória, com direito a vitória dominante nos Aflitos por 2 a 0. Na final, o rival das últimas duas edições: o Sport. E mais uma vez o Santa Cruz atropelou, com vitória também nos dois jogos, conquistando o Tricampeonato Pernambucano na Ilha do Retiro.
Depois da primeira conquista como treinador, veio também a polêmica. Martelotte deixou o Tricolor após 27 jogos, com 16 vitórias, seis derrotas e cinco empates, onde totalizou um aproveitamento de 65,4% para aceitar uma proposta do Sport, adversário derrotado na final do Estadual, que na ocasião estava na Série B. A passagem, entretanto, não durou muito. O técnico foi demitido após 21 jogos. Ainda naquela temporada, Martelotte também passou pelo Náutico, com a dura missão de livrar o Timbu do rebaixamento na Série A. Sem conseguir alcançar tal objetivo, o técnico deixou o alvirrubro e terminou a temporada com passagem no Trio de Ferro no currículo.
Depois de rodar por alguns clubes, Marcelo Martelotte voltou ao Arruda em 2015 para substituir Ricardinho na Série B. Assumiu o clube na 18ª colocação, com uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Com mudanças na escalação e na organização tática, o técnico comandou uma incrível reação no Santa Cruz, que saiu da zona de rebaixamento para conquistar um vaga na Série A do Brasileiro em 2016. Sob o comando do técnico naquela Segundona foram 19 vitórias, cinco empates e sete derrotas. O time terminou o certame na segunda colocação, atrás apenas do Botafogo.
Com o acesso, veio também a renovação de contrato para a temporada 2016. No entanto, o sucesso não continuou ao lado do técnico. Depois de apenas três meses, Martelotte foi demitido em razão do início oscilante nas competições disputadas. No período, foram 15 partidas, com seis vitórias, quatro empates e cinco derrotas, totalizando um aproveitamento de 48,8%. Para seu lugar, o Santa Cruz trouxe Milton Mendes, que proporcionou uma guinada na equipe para conquistar o Campeonato Pernambucano e a Copa do Nordeste. Na Série A, o desempenho não foi o mesmo e o Santa Cruz acabou rebaixado.
Já em 2017, Martelotte retornou ao clube para a sua terceira passagem. O Santa Cruz enfrentava dificuldades na Série B e trouxe o técnico para tentar livrar o rebaixamento à Série C. O resultado, no entanto, não foi igual ao de 2015. A reação desejada pela diretoria Coral não aconteceu e o Tricolor acabou rebaixado mais uma vez ao final da temporada. Com apenas uma vitória, oito empates e cinco derrotas, o aproveitamento de Martelotte naquele ano foi o pior das suas três passagens, quando somou 26,1% dos pontos disputados.
Agora, retorna ao clube para dar seguimento ao trabalho de Itamar Schulle, que deixou o clube na segunda colocação do Grupo A, atrás do Ferroviário apenas no saldo de gols. Será, portanto, uma nova oportunidade para Marcelo Martelotte repetir o sucesso das duas primeiras passagens e apagar o péssimo desempenho de 2017.
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