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Mundo atual

Por JC Publicado em 21/04/2024 às 0:00


DM GENIVAL SARAIVA
Nos seus trabalhos, de 1962 a 1965, os Padres Conciliares se debruçaram sobre temas de suma importância, em razão de seu caráter bíblico, teológico, litúrgico, social, daí a promulgação de alguns de seus documentos sob a forma de “Constituição Apostólica” que “é um documento do Magistério Pontifício, ou seja, promulgado pessoalmente pelo Santo Padre, cujo conteúdo, com valor de decreto, abrange o ensinamento definitivo da Igreja a respeito de um determinado assunto.
Trata-se, portanto, de um tipo particularmente solene e importante de documento da Igreja.” Foram aprovadas pelos Bispos e promulgadas pelo Papa quatro Constituições. Sacrosanctum Concilium (O Sacrossanto Concílio): “Tipo constituição apostólica [...]. Tema: a liturgia e as modificações desejadas pelos participantes do Concílio no culto da Igreja. Promulgação: Papa Paulo VI, 4 de dezembro de 1963.” Lumen Gentium (A Luz dos Povos): “Tipo: constituição dogmática. Tema: a natureza e a constituição da Igreja como instituição e como Corpo Místico de Cristo. Promulgação: Papa Paulo VI, 21 de novembro de 1964.” Dei Verbum (A Palavra de Deus): “Tipo: constituição dogmática. Tema: a relação entre as Sagradas Escrituras e a Tradição. Promulgação: Papa Paulo VI, 18 de novembro de 1965.” Gaudium et Spes (A Alegria e a Esperança): “Tipo: constituição pastoral. Tema: a Igreja no mundo contemporâneo e seus desafios concretos. Promulgação: Papa Paulo VI, 7 de dezembro de 1965.”
Em relação, particularmente, à Constituição Gaudium et Spes, compreende-se, logo, que se trata da ação pastoral da Igreja na sua relação com o mundo contemporâneo, como está expressa o seu proêmio: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” Na sua estrutura, a Constituição Pastoral é “formada por duas partes, constitui um todo unitário. E chamada ‘pastoral’, porque, apoiando-se em princípios doutrinais, pretende expor as relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje. Assim, nem à primeira parte falta a intenção pastoral, nem à segunda a doutrinal. Na primeira parte, a Igreja expõe a sua própria doutrina acerca do homem, do mundo no qual o homem está integrado e da sua relação para com eles. Na segunda, considera mais expressamente vários aspectos da vida e da sociedade contemporâneas, e sobretudo as questões e os problemas que, nesses domínios, padecem hoje de maior urgência. Daqui resulta que, nesta segunda parte, a matéria, tratada à luz dos princípios doutrinais, não compreende apenas elementos imutáveis, mas também transitórios. A Constituição deve, pois, ser interpretada segundo as normas teológicas gerais, tendo em conta, especialmente na segunda parte, as circunstâncias mutáveis com que estão intrinsecamente ligados os assuntos em questão.” Essas pertinentes e significativas palavras da Constituição Pastoral Gaudium et Spes continuam sendo lidas com o olhar da atualidade. Se eram apropriadas, na leitura do mundo de então, 1965, não é difícil reconhecer que são pertinentes, igualmente, em face do “o momento atual”, 2024.
São muitos os ângulos da vida e da atividade humana e institucional sobre os quais a Igreja se posicionou com sua palavra profética, na instância mais abrangente de seu magistério, o Concílio Ecumênico


Dom Genival Saraiva é bispo emérito de Palmares

 

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