CONSEQUÊNCIAS

Arte do século XIV sofreu com a peste bubônica e deve também ser impactada pela covid-19

Entre os anos de 1347 e 1351, estima-se que a peste matou entre 75 e 200 milhões de pessoas

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 12/04/2020 às 10:05 | Atualizado em 12/04/2020 às 10:22
Stefan Draschan/reprodução
Crises pandêmicas atingem a sociedade por todos os lados, tendo efeitos, inclusive, na arte - FOTO: Stefan Draschan/reprodução

A pandemia do novo coronavírus tem provocado uma revisitação a outros momentos semelhantes vividos pela humanidade, como a pandemia da peste bubônica, na Eurásia, entre 1347 e 1351, relembrou o jornal O Globo. Em 2020, com tecnologia avançada, especialmente se comparada ao século XIV, ainda é difícil ter números exatos de infectados e vítimas da covid-19. Em 1348 a missão era impossível.

Mesmo sem conseguir mensurar em números exatos o impacto da peste bubônica, as consequências da doença causada pela Yersinia pestis, uma bactéria zoonótica geralmente encontrada em mamíferos de pequeno porte e em suas moscas são notáveis. Na economia, nas relações sociais e também na arte.

Com uma alta taxa de mortalidade, que varia entre 30% e 60%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a peste bubônica dizimou entre 75 e 200 milhões de pessoas ao longo de quatro anos, período que antecedeu e sucedeu o pico da pandemia. Os dados são baseados em registros como imagens, censos, documentos administrativos e crônicas, além de evidências genéticas.

"Painting in Florence and Siena after the Black Death", "Pintando em Florença e Siena após a Peste Negra" em tradução livre, um estudo histórico-artístico sobre a peste negra, publicado pelo americano Millard Meiss, em 1951, é o grande clássico no campo dos estudos histórico-artísticos sobre a doença.

Nele, o autor tem como tese central que a inventividade revolucionária de Giotto, pintor e arquiteto italiano, morto em 1337, anos antes do início da peste, e de outros nomes ativos no início do século, seria seguida por retrocesso e retorno ao conservadorismo religioso, além de uma atmosfera de medo, pessimismo e culpa.

A região da Toscana, na Itália, havia desfrutado de uma enorme prosperidade nas primeiras décadas do século XIV. Uma das consequências disso foi a conversão de membros de oligarquias capitalistas que governavam Florença e Siena em principais mecenas da arte religiosa da região e estimulavam artistas que representavam cenas religiosas, como Giotto ou os irmãos Lorenzetti. A partir da crise pandêmica da peste negra, o sistema financeiro e comercial toscano colapsou, instaurando uma profunda recessão econômica.

Meiss estima que a população de Siena tenha caído de 42 mil para 15 mil pessoas, enquanto em Florença o número tenha reduzido de 90 mil para 45 mil. Entre os mortos, muitos pintores, escultores e arquitetos renomados. Enquanto aprendizes assumiam os postos, o público também mudava. Ordens religiosas, imigrantes e novos ricos que prosperaram na crise se tornaram os grandes consumidores da arte doutrinariamente ortodoxa.

Trazendo o olhar de Meiss e fazendo um paralelo ao momento vivido pelo mundo neste século e no século XIV, a tese do americano permanece sólida.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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