Milhares de pessoas se despediram de George Floyd nesta terça-feira (9) em Houston, cidade onde cresceu. A morte deste afro-americano em 25 de maio provocou duas semanas de protestos em todo o mundo contra o racismo e a violência policial.
Políticos, ativistas de direitos civis, atletas e atores compareceram à igreja Fountain Praise, que recebeu o caixão dourada para a última cerimônia de despedida pública de Floyd, cuja morte aos 46 anos provocou as maiores mobilizações nos Estados Unidos desde o assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968.
Em uma mensagem gravada em sua casa, onde se mantém em confinamento contra o coronavírus, o candidato democrata á Casa Branca, Joe Biden, disse que chegou a hora da "justiça racial".
"Nenhuma criança deveria perguntar aquilo que tantas crianças negras tiveram que se perguntar por gerações: 'Por que, por que papai se foi?'", acrescentou o ex-vice-presidente Barack Obama.
A família de Floyd, que decidiu usar branco para a cerimônia, entrou na igreja usando máscaras e acompanhada pelo reverendo Al Sharpton, um ativista dos direitos civis encarregado pelo principal discurrso religioso da homenagem.
O local foi limitado a 500 pessoas a fim de garantir o maior distanciamento social devido ao coronavírus.
O parlamentar pelo Texas Al Green disse durante a cerimônia que George Floyd "mudou o mundo". "Vamos fazer que o mundo saiba que ele fez a diferença", afirmou.
Na segunda-feira, aproximadamente 6.000 pessoas compareceram à igreja Fountain of Praise nesta cidade do Texas para se despedirem de seu caixão dourado. Foi no mesmo dia em que o policial branco acusado de assassinato em segundo e terceiro grau por sufocá-lo em Minneapolis compareceu diante de um juiz, que estabeleceu uma fiança de US$ 1 milhão.
Alguns dos presentes aproximaram-se do corpo se esbarrando e outros curvaram-se colocando um joelho no chão - um sinal de protesto contra a violência policial - para homenagear Floyd, de 46 anos, cuja morte deu início às mobilizações mais importantes nos Estados Unidos desde o assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968.
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"Já basta. Qualquer pessoa que tenha filhos e que tenha coração pode sentir esta dor. Tem que haver mudanças. Todo o mundo deve ser tratado igual", disse à AFP Shiara DeLoach, moradora de Houston que não poderá comparecer à cerimônia de despedida.
Depois da cerimônia, o corpo será levado em um carro para o cemitério onde Floyd será enterrado junto à sua mãe, concluindo uma série de despedidas desde Minneapolis até a Carolina do Norte, sua cidade natal.
Reforma da polícia
Em Washington, cerca de vinte parlamentares democratas liderados pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, se ajoelharam em silêncio para homenagear Floyd na segunda-feira.
Além disso, anunciaram uma série de medidas para reformar a polícia e enfrentar uma infinidade de casos de homens negros que morrem pelas mãos da polícia quando presos.
Este anúncio foi feito depois que as autoridades de Minneapolis anunciaram no fim de semana que vão desmontar e reconstruir a polícia.
O projeto de lei apresentado pelos democratas em ambas as câmaras visa facilitar a acusação de policiais que cometem abusos - proibindo algumas práticas como colocar os joelhos no pescoço de um detido -, repensando também o processo de recrutamento e treinamento dos agentes.
No entanto, não é claro o apoio do Senado - dominado pelos republicanos - a um projeto como este e tampouco o do presidente Donald Trump, que deve sancionar a lei.
Trump condenou a morte de Floyd mas criticou duramente os manifestantes e reiterou seu apoio à polícia.
O policial acusado, o agente branco Derek Chauvin, compareceu ao tribunal na segunda-feira.
A promotoria estabeleceu uma fiança de US$ 1 milhão, que provavelmente o acusado não conseguirá arrecadar, considerando que Chauvin apresentava risco de fuga. A próxima audiência será em 29 de junho.
Chauvin enfrenta acusações de assassinato em segundo e terceiro grau e homicídio involuntário, com uma pena de até 40 anos.
Os outros três policiais envolvidos, todos demitidos e presos como Chauvin, já compareceram ao tribunal na semana passada por acusações de cumplicidade na morte de Floyd, que foi preso por supostamente comprar cigarros com uma nota falsa de 20 dólares.
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