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Pandemia piora na América e põe à prova flexibilização do isolamento

Diante da emergência econômica causada pelas medidas de isolamento, vários países das Américas começaram a encerrá-las

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Publicado em 03/07/2020 às 9:20 | Atualizado em 03/07/2020 às 9:22
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O Rio de Janeiro registrou aglomerações durante o primeiro dia de reabertura de bares - FOTO: Reprodução/Twitter

A pandemia de coronavírus está avançando nas Américas e está testando a flexibilização das medidas de controle em vigor em vários países para aliviar suas economias, incluindo o Peru, que nesta quinta-feira (2) superou a marca das 10.000 mortes por COVID-19.

O país andino de 33 milhões de habitantes deixou para trás a quarentena obrigatória decretada há mais de 100 dias na quarta-feira, apesar do alto número de mortes e do aumento de infecções, tornando-o o segundo país latino-americano com mais casos (292.004), atrás do Brasil.

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Diante da emergência econômica causada pelas medidas de isolamento, vários países das Américas começaram a encerrá-las.

É o caso do Brasil, onde os estados, responsáveis pelas medidas de contenção, retomam gradualmente as atividades econômicas, apesar da curva de contágio continuar aumentando e do apelo à cautela da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Rio de Janeiro reabriu bares e restaurantes nesta quinta após um fechamento de três meses, com uma restrição de capacidade de 50% e a obrigação de manter dois metros entre as mesas.

"Não há nada para comemorar, mas estamos nessa luta desde março", alertou o prefeito Marcelo Crivella na quarta.

O número de mortos no país subiu para 61.884 nesta quinta, com os estados de São Paulo e Rio na liderança, enquanto o total de infectados é de 1.496.858.

Fechamento de empresas na América Latina

A pandemia causou pelo menos 517.416 mortes em todo o mundo desde o seu início, incluindo mais de 120.000 na América Latina e no Caribe.

As medidas para conter seu avanço atingiram fortemente a economia mundial e seu impacto deverá ser especialmente severo na região.

A crise levará ao fechamento de mais de 2,7 milhões de empresas, principalmente microempresas, e à perda de pelo menos 8,5 milhões de empregos no nível regional, segundo estimativas publicadas nesta quinta-feira pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), uma agência das Nações Unidas com sede em Santiago.

Nesse contexto, os presidentes do Mercosul, reunidos nesta quinta para a primeira cúpula virtual do bloco, defenderam o trabalho conjunto para enfrentar a pandemia e manifestaram sua intenção de concluir o acordo comercial com a União Europeia.

A queda é especialmente forte na Argentina, onde a economia retraiu 26,4% em abril. O país sul-americano, que teve dois anos de recessão, é um exemplo do dilema que os governantes enfrentam: abrir a economia e se expor ao vírus, ou manter o confinamento apesar das consequências.

Em Buenos Aires e arredores, a quarentena, uma das mais longas do mundo, superou os 100 dias.

Além do impacto econômico, o confinamento afeta o humor de uma população onde a ansiedade e a angústia se espalham.

Enquanto atingia o continente, a doença sobrecarregou serviços de saúde e funerários em lugares como a cidade boliviana de Cochabamba, onde cerca de 40 pessoas mortas pela COVID-19 ainda estão em casa esperando para serem cremadas.

As autoridades correm contra o relógio para ampliar a capacidade do cemitério público, enquanto o número de infecções no país chega a 34.227, com 1.201 óbitos.

Surto na Flórida

Os Estados Unidos são o país mais atingido pela epidemia em termos absolutos, com mais de 128.000 mortes e cerca de 2,7 milhões de casos.

Na quarta-feira, as autoridades americanas registraram um novo recorde com 52.898 infecções em 24 horas.

O aumento nos contágios levou vários estados, como Califórnia e Flórida, a fechar restaurantes, bares e praias em algumas áreas, na véspera de um fim de semana de comemorações para 4 de julho.

Apesar da deterioração da situação na Flórida, que registrou um recorde de 10.000 novos casos diários nesta quinta-feira, o governador republicano Ron DeSantis rejeitou a ideia de fechar a economia novamente, que reabriu em etapas entre maio e junho e cujo processo de a reativação foi paralisada.

Nova York tornou obrigatória a quarentena de 14 dias para visitantes de 16 estados, afetando metade da população americana de 320 milhões de pessoas.

E o governador do Texas, Greg Abbott, republicano e aliado do presidente Donald Trump, decretou nesta quinta o uso obrigatório de máscara em espaços públicos devido ao surto.

O fim progressivo das medidas de isolamento nos Estados Unidos permitiu à economia adicionar um recorde de 4,8 milhões de empregos em junho, enquanto a taxa de desemprego caiu mais de dois pontos, para 11,1%.

Plano de reconstrução europeu

Na Europa, que deixou o pior para trás, os países estão de olho no futuro econômico.

A União Europeia (UE) está negociando um plano de reconstrução comunitária de 750 bilhões de euros (cerca de 844 bilhões de dólares), sobre o qual os países membros buscam alcançar um compromisso antes da cúpula de 17 e 18 de julho.

Este plano beneficiará principalmente os países do sul, especialmente Itália e Espanha; mas levanta inúmeras reservas entre os quatro Estados chamados "frugal": Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca.

Na tentativa de salvar a temporada turística de verão, a UE abriu suas fronteiras para viajantes de 15 países, excluindo Estados Unidos, Brasil e Rússia, entre outros.

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