O Facebook anunciou nesta terça-feira (6) o bloqueio de todas as contas ligadas ao movimento conspiracionista QAnon, tanto na rede social, quanto em sua comunidade de compartilhamento de imagens, o Instagram. A medida acelera os esforços da empresa de reprimir campanhas de desinformação, algumas endossadas pelo presidente Donald Trump, semanas antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.
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"Nós vamos remover quaisquer Páginas do Facebook, Grupos e contas no Instagram representando o QAnon, mesmo que não contenham conteúdo violento", anunciou o gigante das redes sociais em uma postagem em seu blog.
As ações, tanto do Facebook, quanto do Instagram, visaram contas vinculadas a "grupos anarquistas 'offline' que apoiam atos violentos em meio a protestos, organizações de milícias com sede nos Estados Unidos e QAnon", informou a plataforma na postagem.
Em agosto, o Facebook havia eliminado centenas de grupos vinculados à teoria da conspiração de extrema direita QAnon e impôs restrições a cerca de outras 2.000 como parte de uma ofensiva contra um aumento da violência.
O Facebook informou ter endurecido seu bloqueio ao QAnon após notar que, apesar de eliminar publicações que promoviam a violência diretamente, as mensagens dos seguidores do movimento foram adaptadas para evitar as restrições. Por exemplo, o QAnon usou a plataforma para afirmar que certos grupos iniciaram incêndios florestais que devastaram a costa oeste, desviando a atenção da polícia e dos bombeiros.
"As mensagens do QAnon mudam muito rapidamente e vemos que as redes de seguidores criam uma audiência com uma mensagem e depois mudam rapidamente para outra", informou o Facebook. "Nosso objetivo é combater isto de forma mais efetiva com esta atualização que fortalece e expande nossos esforços contra o movimento de teoria conspiratória", acrescentou.
A rede social já proíbe conteúdos que incitam a violência e organizações que a promovem.
Os teóricos da conspiração do QAnon têm usado páginas e grupos públicos e privados no Facebook para difundir "desinformação, racismo e incitação à violência apenas velada", segundo a Liga Antidifamação.
A teoria da conspiração, popular entre diferentes grupos de extrema direita, sustenta que há uma elite global que opera como uma força controladora por trás de governos, bancos e outras instituições.
Em julho, o Twitter tomou medidas enérgicas contra o QAnon quando o grupo aumentou seu alcance na corrente principal da política americana. A partir de uma publicação anônima de 2017, que alega exploração infantil e conspirações estatais, o movimento sem líderes ganhou um lugar no fluxo do Twitter de Trump. No ano passado, o FBI informou em um relatório que o QAnon era um dos vários movimentos que poderiam impulsionar "tanto grupos quanto extremistas individuais a realizar atos criminosos ou violentos".
O que é o movimento QAnon?
Os seguidores da teoria QAnon acreditam que um informante anônimo do alto escalão do governo, de codinome Q, trabalha heroicamente para expor uma conspiração anti-Trump cujos responsáveis, de alguma forma, estariam administrando uma rede satânica pedófila internacional que trafica crianças e controla o mundo. A teoria afirma que os Estados Unidos são governados por forças ocultas, as quais buscam estabelecer uma "nova ordem mundial". Apenas o presidente Donald Trump, que nunca negou abertamente os QAnons, poderia derrubá-los.
Q tem um número crescente de seguidores on-line e na vida real, inclusive entre o público que vai torcer por Trump em comícios e outros eventos. Uma apoiadora republicana do QAnon, Marjorie Taylor Greene, está prestes a ser eleita para a Câmara dos Representantes. Trump, que elogiou amplamente Marjorie, não faz nada para conter a febre Q. "Está ganhando popularidade", disse o presidente com aprovação no mês passado. "Eles gostam muito de mim."
O governante também mergulha no abismo das teorias da conspiração, falando em sabotadores vestidos de preto, "sombras tenebrosas" e se dizendo vítima de golpe de Estado ou pesquisas distorcidas. A última narrativa do republicano, candidato à reeleição, diz respeito a um avião cheio de agitadores que teria sido enviado para atrapalhar a convenção do seu partido em Washington na semana passada.
"Alguém embarcou em um avião de uma certa cidade e o avião estava quase lotado de provocadores vestindo esses uniformes escuros, uniformes pretos", disse ao canal Fox News na última segunda-feira. No dia seguinte, falou com repórteres sobre um "avião inteiro cheio de saqueadores, anarquistas e agitadores", e acrescentou: "Vou ver se consigo para vocês essa informação." Não o fez.
Na mesma entrevista para a Fox, Trump disse que o ex-vice-presidente Joe Biden, seu rival democrata na disputa eleitoral e que lidera muitas das pesquisas, é um fantoche controlado por "pessoas de quem nunca se ouviu falar, pessoas que estão nas sombras". "Parece uma teoria da conspiração", disse a repórter da Fox, Laura Ingraham. "São pessoas de quem você nunca ouviu falar", repetiu Trump.