Joe Biden teve maior votação da história dos Estados Unidos
Neste sábado, Biden chegou à marca de 75 milhões de votos com cerca de 88% da apuração nacional concluída - o que abre espaço para que ele tenha uma votação ainda maior
O democrata Joe Biden se tornou o candidato à presidência com mais votos na história americana - superando o recorde de 69,5 milhões de votos de Barack Obama, em 2008. Neste sábado, Biden chegou à marca de 75 milhões de votos com cerca de 88% da apuração nacional concluída - o que abre espaço para que ele tenha uma votação ainda maior.
Como o comparecimento este ano foi alto, Biden está perto de alcançar outra marca histórica: a maior quantidade de votos por parcela da população. Em 1984, o republicano Ronald Reagan foi reeleito com 53% dos votos em uma eleição com 58,8% de comparecimento, sendo votado por 31,3% da população dos EUA. Após um comparecimento de 66% este ano, as projeções indicam que, se o democrata obtiver 51% dos votos, terá sido votado por 33,7% dos americanos - mais até do que Richard Nixon, que chegou a 33,5% em 1972.
As marcas de Biden são mais impressionantes em razão das críticas que o democrata recebeu o longo da campanha, muitas de membros do próprio partido. Quando se lançou candidato às prévias, no ano passado, alguns o consideravam velho de mais para o cargo - ele faz 78 anos no dia 20 e terá 82 se chegar ao fim do mandato.
Político moderado, com mais de 40 anos de carreira, ele superou também aqueles que acreditavam que o senador Bernie Sanders ou a senadora Elizabeth Warren, ambos ligados aos jovens e aos eleitores progressistas da ala esquerda do partido, seriam capazes de mobilizar muito mais a base democrata.
A votação esmagadora também derruba a linha de ataque de Trump, que passou a campanha chamando o democrata de "Joe Dorminhoco", fazendo piada com seus comícios discretos, para poucas pessoas, e criticando o fato de Biden passar muito tempo no "porão" de sua casa em Wilmington, no Estado de Delaware. "Nem todo mundo pode se dar ao luxo de viver trancado no porão, como faz o Joe", disse o presidente no último debate.
A campanha de Biden respondia que o candidato não organizava comícios gigantescos, como Trump, em razão do risco de aglomeração durante a pandemia. Nas últimas semanas, o democrata encontrou uma fórmula que deu resultado: discursos feitos para apoiadores em drive-ins e espaços abertos nas grandes cidades, onde as pessoas podiam acompanhar tudo de dentro do carro.
Na reta final, em um desses eventos, ele mostrou bom humor ao postar uma foto no Twitter de centenas de carros em um comício em um drive-in da Geórgia com a seguinte legenda: "Quem deixou toda essa gente entrar no meu porão?".
Em tempos de polarização, no entanto, Biden sabe que foi eleito por um forte sentimento de aversão a Trump. Sua candidatura despontou como favorita contra Trump no auge das crises de saúde e econômica provocadas pela pandemia.
Biden se apresentou ao eleitorado como a solução para tirar o país da crise sanitária e da extrema polarização social. Para isso, prometeu restaurar o compromisso dos EUA com os princípios básicos da sociedade americana, com uma plataforma de busca pela restauração da integridade e da normalidade.
Agora, o maior desafio do democrata é a contenção do coronavírus e a retomada da economia. Ele diz que se reaproximará de aliados e voltará aos fóruns multilaterais para uma abordagem conjunta dos problemas globais. Biden também promete colocar os EUA novamente no Acordo de Paris e fazer da pauta ambiental um eixo de sua política externa.
Com 47 anos de vida pública, Biden cumpriu seis mandatos no Senado e oito anos como vice-presidente de Obama. Com uma vida marcada por tragédias pessoais e superações, sua empatia e proximidade com o eleitorado viraram um forte ativo em uma campanha feita durante uma pandemia que matou mais de 230 mil americanos. Mesmo que sua personalidade não seja eletrizante, ele fecha o capítulo mais importante de sua carreira como o político mais votado da história dos EUA - o que não é pouco.
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