PANDEMIA

OMS pede mais rapidez na vacinação; mundo tenta frear avanço de variantes do vírus

Nesta sexta-feira (5), diretores da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediram a união da Europa para acelerar a campanha de imunização no continente

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AFP

Publicado em 05/02/2021 às 8:31 | Atualizado em 05/02/2021 às 15:14
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Mais rápido, mais eficaz e, se possível, mais justo. Ao redor do mundo, os países tentam aperfeiçoar o processo de vacinação contra o coronavírus, autorizando novos fármacos e estimulando parcerias para acelerar o processo e obter mais doses, como acontece na América Latina.

Nesta sexta-feira (5), diretores da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediram a união da Europa para acelerar a campanha de imunização no continente e expressaram preocupação com o avanço das variantes conhecidas do vírus e de outras que podem surgir, o que multiplicará as dúvidas sobre a eficácia das vacinas.

"Devemos nos preparar para outras mutações problemáticas do vírus, reforçando ainda mais o sequenciamento", afirmou Hans Kluge, diretor regional para a Europa da OMS, em uma entrevista à AFP.

Na União Europeia (UE), a taxa da população vacinada com pelo menos uma dose da vacina é de 2,5%. O objetivo do bloco é vacinar 70% de sua população, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que admitiu que a meta enfrentará obstáculos como "problemas na produção".

"As empresas farmacêuticas, que normalmente competem entre si, devem unir esforços para aumentar drasticamente as capacidades de produção. Isto é o que precisamos", insistiu Kluge.

O diretor da OMS Europa admitiu que a "grande pergunta" é se as vacinas autorizadas serão eficazes contra as novas variantes.

"Isto é a recordação cruel de que o vírus ainda está acima do ser humano, mas não é um vírus novo, é uma evolução de um vírus que tenta adaptar-se a seu hospedeiro humano", disse.

Kluge reiterou os pedidos de solidariedade com os países que não podem receber a vacina, sugerindo que os países ricos deveriam compartilhar rapidamente suas doses com os Estados pobres depois de vacinar um determinado percentual de sua população.

"Talvez, quando os países da UE alcançarem 20% da vacinação de sua população - 20% significa pessoas idosas, profissionais da saúde, pessoas com comorbilidades -, poderia ser o momento de compartilhar vacinas", afirmou.

As declarações de Kluge estão de acordo com o que pensa a Cruz Vermelha, que alertou na véspera para a desigualdade flagrante na distribuição de vacinas.

Até o momento quase 105 milhões de doses foram aplicadas em 82 países e territórios, mas segundo a Cruz Vermelha, quase 70% das doses foram administradas nos 50 países mais ricos, enquanto 0,1% aconteceu nos 50 países mais pobres.

Nos Estados Unidos, o laboratório Johnson & Johnson solicitou na quinta-feira às agências reguladoras a autorização para o uso emergencial de sua vacina, de apenas uma dose, contra a covid-19.

Caso receba a luz verde da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA), a vacina da Johnson & Johnson seria a terceira autorizada no país, depois dos fármacos da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

Esta vacina é muito esperada porque tem duas vantagens importantes na comparação com as já homologadas: pode ser armazenada em uma geladeira e exige apenas uma dose.

De acordo com os primeiros resultados dos testes clínicos divulgados pela empresa, a vacina tem eficácia geral de 66%, que alcança 85% na prevenção de formas graves da doença.

De acordo com o balanço mais recente da AFP com base em fontes oficiais, a pandemia de covid-19 provocou pelo menos 2,27 milhões de mortes e mais de 104 milhões de contágios.

No México, terceiro país do mundo com mais vítimas fatais, atrás dos Estados Unidos e do Brasil, com mais de 161.000 óbitos e 1,8 milhão de contágios, especialistas estão examinando amostras de pacientes com covid-19 do estado de Jalisco (oeste) para determinar se é uma variante local do SARS-cov2.

O Peru, país mais afetado proporcionalmente da América Latina, com 125 mortes para cada 100.000 habitantes, confirmou a presença da variante brasileira do vírus em três regiões, incluindo Lima, o que explicaria o aumento dos contágios das últimas semanas. Brasil e Peru compartilham 2.800 km de fronteira na Amazônia.

As autoridades peruanas anunciaram que receberão 20 milhões de doses da vacina da Pfizer, mas a primeira entrega de 250.000 unidades acontecerá apenas em março.

O Paraguai também anunciou um acordo com o Fundo Russo de Investimento para receber a vacina russa Sputnik V.

No Chile, que estabeleceu convênios para comprar quase 36 milhões de doses da Pfizer, Sinovac, Johnson & Johnson e AstraZeneca, dezenas de milhares de idosos foram vacinados esta semana.

Em Cuba, as autoridades anunciaram que Havana terá um novo toque de recolher (das 21H00 às 05H00), similar ao aplicado em setembro.

Com 1,2 milhão de habitantes, Cuba registra um aumento de casos, mas o balanço continua bom em comparação com outros países da região, com 220 mortes e menos de 30.000 contágios.

No mundo do esporte, os tenistas que disputam o qualifying do Aberto da Austrália testaram negativo para covid-19 e as partidas foram retomadas nesta sexta-feira em Melbourne.


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