Tempestades deixam dezenas de mortos na Europa, a maioria na Alemanha
Cerca de 135 mil casas estavam sem energia nesta quinta-feira de manhã e as autoridades tiveram que evacuar quase 500 pacientes de uma clínica na cidade de Leverkusen
Fortes chuvas e inundações deixaram pelo menos 68 mortos e muitos desaparecidos na Europa, a grande maioria deles na Alemanha, em uma tragédia que vários líderes políticos atribuem às mudanças climáticas. A situação mais dramática ocorreu nesta quinta-feira (15) no oeste da Alemanha, nos estados da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado, cujas autoridades atualizaram o balanço de vítimas para 59 mortos e dezenas de feridos.
Muitos municípios ainda estavam isolados na noite desta quinta e dezenas de pessoas seguiam desaparecidas, portanto, teme-se um saldo ainda mais alto.
Na Bélgica, a tempestade deixou pelo menos nove mortos e quatro desaparecidos. Houve também danos materiais significativos em Luxemburgo e na Holanda, que ordenou a evacuação de milhares de pessoas por medo do transbordamento de um rio.
"É uma catástrofe, uma tragédia", disse a chanceler alemã Angela Merkel, de Washington, no início de uma visita oficial em que recebeu as condolências do presidente Joe Biden. Ela garantiu que o Estado "fará de tudo" para auxiliar os afetados.
Metade das mortes, "pelo menos 30", ocorreu na Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso do país, e as outras na Renânia-Palatinado.
Além disso, um porta-voz da polícia informou à AFP que cerca de 70 pessoas estão desaparecidas.
No município de Schuld, ao sul de Bonn, a polícia contabilizou dezenas de pessoas desaparecidas depois que o transbordamento de um rio atingiu seis casas.
A polícia pediu aos moradores que enviassem vídeos e fotos que pudessem fornecer pistas sobre seus parentes desaparecidos.
Na cidade de Mayen, na Renânia-Palatinado, as ruas foram completamente inundadas.
"De onde vem toda essa chuva? É uma loucura. Fez um estrondo terrível", disse à AFP Annemarie Müller, que mal dormiu durante a noite.
"Em 2016, enfrentamos inundações muito fortes, mas isso é ainda pior", contou Uli Walsdorf, subchefe dos bombeiros em Mayen.
"A situação é muito alarmante", afirmou ao jornal Bild Armin Laschet, ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestfália e candidato à sucessão de Merkel em setembro, após visitar alguns locais inundados em seu estado.
Nesta região, dois bombeiros perderam a vida enquanto trabalhavam em tentativas de resgate e outras duas pessoas morreram em porões inundados.
Cerca de 135 mil casas estavam sem energia nesta quinta-feira de manhã e as autoridades tiveram que evacuar quase 500 pacientes de uma clínica na cidade de Leverkusen.
Em todo o oeste da Alemanha, as cenas se repetiam: rios transbordando, árvores desenraizadas, estradas e casas inundadas.
No total, mais de 15 mil equipes de resgate, a polícia e o exército foram destacados para as regiões mais afetadas. O ministro das Finanças, Olaf Scholz, visitou o local e estimou os danos em centenas de milhões de euros.
"Esses caprichos meteorológicos extremos são consequências das mudanças climáticas", apontou o ministro do Interior, Horst Seehofer.
"Isso significa que temos que acelerar as medidas para proteger o clima", ressaltou Laschet.
Uma atmosfera mais quente retém mais água e pode causar chuvas extremamente intensas que podem ter consequências devastadoras em áreas urbanas com cursos de água mal drenados e construções em áreas inundáveis.
Bélgica, Luxemburgo e Holanda, países vizinhos das regiões alemãs mais afetadas, também sofrem com as intempéries.
A Bélgica mandou o exército para quatro de suas dez províncias para ajudar nos esforços de socorro e evacuação. O país registrou nove mortos e quatro desaparecidos e teme que o rio Meuse transborde.
A Holanda prevê que esse rio atingirá um nível histórico nesta sexta-feira ao passar pela província de Limburg, no sul, e ordenou a evacuação de milhares de pessoas.
Na cidade de Maastricht, as autoridades esperam que o rio transborde ao amanhecer, segundo a emissora pública NOS. De acordo com a assessoria de imprensa ANP, o Mosa deve chegar a seu nível mais alto em dois séculos.