Início da investigação sobre ataque ao Capitólio eleva tensão em Washington
O momento foi considerado o pior ataque à Legislatura desde a guerra de 1812
Um painel do Congresso dos Estados Unidos começa nesta terça-feira (27) a investigação sobre a invasão do Capitólio, em um ambiente hiperpolitizado que ameaça minar os esforços para entender o que provocou o ataque de 6 de janeiro de 2021.
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Seis meses depois que uma multidão de apoiadores do então presidente Donald Trump invadiu a sede política da democracia americana, naquele que foi o pior ataque à Legislatura desde a guerra de 1812, o público americano ouvirá o primeiro depoimento sobre esta data, dado a um comitê seleto que também gera polêmica partidária em Washington.
Os legisladores receberão em primeira mão os relatos dos policiais atacados pelos agitadores que invadiram o Congresso, à procura, por exemplo, da presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e que tentaram impedir a certificação da vitória de Joe Biden.
Este processo está sendo caótico, porém.
A liderança republicana da Câmara boicotou o comitê. Na semana passada, retirou seus cinco candidatos, depois que a democrata Pelosi tomou a iniciativa sem precedentes de rejeitar dois dos indicados pelo líder da minoria, Kevin McCarthy.
Em vez de formar um painel apenas com democratas, Pelosi nomeou unilateralmente dois republicanos: Liz Cheney e Adam Kinzinger.
Ambos são fortes críticos de Trump e votaram a favor de seu "impeachment" em janeiro passado, após os distúrbios. Além disso, foram censurados pelas fileiras republicanas por se recusarem a endossar as alegações infundadas de Trump sobre roubo e fraude eleitoral.
Tanto Pelosi como outros membros do Congresso queriam compor uma comissão bipartidária independente para investigar a revolta e sua origem, seguindo o modelo daquela que conduziu as investigações após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Os republicanos se preocupam, no entanto, com o potencial prejuízo da investigação pouco antes das eleições de meio de mandato, em 2022.
E, pelo fato de o próprio Trump não ter expressado nenhum interesse em questões relacionadas aos distúrbios, o partido começou a organizar seus esforços para se opor à investigação dos eventos de 6 de janeiro.
Os republicanos do Senado bloquearam a formação da comissão, argumentando que várias investigações já haviam chegado a conclusões sobre o motim e que as centenas de prisões feitas renderam informações suficientes sobre o ocorrido.
O partido tentou, então, questionar a credibilidade do comitê escolhido por Pelosi, que é acusada por McCarthy de "fazer política" enquanto as tensões partidárias aumentam no Capitólio.
"Nunca na história dos Estados Unidos o presidente da Câmara de Representantes elegeu membros do outro lado. Então, eles estão predeterminando o que acontece" com a investigação, acusou McCarthy na segunda-feira (26).
Também ridicularizou Liz e Kinzinger, ao chamá-los de "republicanos da Pelosi", dizendo ainda que os dois candidatos republicanos rejeitados pela líder democrata - os congressistas Jim Banks e Jim Jordan - "têm o direito" de participar do painel.
A presidente da Câmara de Representantes havia aprovado as outras três nomeações de McCarthy, que, no entanto, decidiu retirá-las após a rejeição de Banks e Jordan.
Agora, Pelosi insiste em que o comitê siga em frente - com, ou sem, o compromisso republicano.
"Temos que, mais uma vez, ignorar as travessuras daqueles que não querem descobrir a verdade", disse ela à emissora ABC no domingo (25).
"Encontraremos a verdade. E essa verdade terá a confiança do povo americano, porque será feita de forma patriótica e apartidária", completou.
Policiais que foram física e verbalmente agredidos enquanto defendiam o Capitólio participarão da audiência desta terça-feira.
A violenta insurreição terminou com cinco mortos e dezenas de policiais feridos.