Talibã

Saiba quem são os líderes do Talibã

O funcionamento interno e a liderança do movimento Talibã, que está prestes a tomar o poder no Afeganistão, estão envoltos em mistério, como quando governou o país asiático entre 1996 e 2001

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AFP

Publicado em 15/08/2021 às 11:09 | Atualizado em 15/08/2021 às 11:11
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O Talibã está prestes a assumir o poder no Afeganistão, depois de chegar às portas da capital Cabul, onde seus combatentes receberam ordens de não entrar, enquanto o governo se prepara para uma transição pacífica. O movimento radical islâmico está a um passa do retornar ao poder, 20 anos depois de ser derrubado por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos por sua recusa em entregar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, após os ataques de 11 de setembro de 2001.

"O Emirado Islâmico ordena a todas as suas forças que esperem nas portas de Cabul, não tentem entrar na cidade", anunciou no Twitter Zabihullah Mujahid, um porta-voz do Talibã. Os insurgentes também prometeram que não vão buscar vingança contra ninguém, incluindo soldados ou funcionários que serviram ao atual governo.Apelando aos afegãos a "não se desesperarem", o ministro do Interior, Abdul Sattar Mirzakwal, assegurou que ocorreria uma "transferência pacífica de poder" para um governo de transição.

O porta-voz dos insurgentes Suhail Shaheen confirmou à BBC que espera uma transferência pacífica de poder "nos próximos dias". "Queremos um governo inclusivo (...) o que significa que todos os afegãos farão parte dele", disse. Em apenas dez dias, os talibãs - que lançaram sua ofensiva em maio coincidindo com o início da retirada final das tropas americanas e estrangeiras - assumiram o controle de quase todo o país. A derrota é total para as forças de segurança afegãs, que foram financiadas por 20 anos com bilhões de dólares pelos Estados Unidos, e para o governo do presidente Ghani, cuja renúncia parece inevitável.O chefe de Estado apelou às forças de segurança para que garantam "a segurança de todos os cidadãos" ."É nossa responsabilidade e faremos isso da melhor maneira possível. Quem pensar em criar caos ou saques será tratado com força", disse ele em uma mensagem de vídeo.

O funcionamento interno e a liderança do movimento Talibã, que está prestes a tomar o poder no Afeganistão, estão envoltos em mistério, como quando governou o país asiático entre 1996 e 2001.A seguir, uma breve apresentação dos principais líderes desse grupo radical islâmico:

Haibatullah Akhundzada

O mulá Haibatullah Akhundzada foi nomeado chefe do Talibã em maio de 2016 durante uma rápida transição de poder, dias após a morte de seu antecessor, Mansour, num ataque com drone americano no Paquistão.

Antes de sua nomeação, pouco se sabia sobre Akhundzada, até então mais focado nas questões judiciais e religiosas do que militares.

Embora esse estudioso já tivesse grande influência dentro da insurgência, da qual liderava o sistema judicial, alguns analistas acreditavam que seu papel à frente do movimento seria mais simbólico do que operacional.

Filho de um teólogo, originário de Kandahar, o coração do país pashtun no sul do Afeganistão e berço do Talibã, Akhundzada rapidamente obteve um juramento de lealdade de Ayman al-Zawahiri, o líder da Al-Qaeda.

O egípcio o chamou de "emir dos crentes", nome que lhe permitiu consolidar sua credibilidade no mundo jihadista.

Akhundzada teve a delicada missão de unificar o Talibã, fragmentado por uma violenta luta pelo poder após a morte de Mansour e a revelação de que havia escondido por anos a morte do fundador do movimento, o mulá Omar.

O insurgente conseguiu manter o grupo unido e continuou bastante discreto, limitando-se a transmitir raras mensagens anuais nos feriados islâmicos.

 

 

Abdul Ghani Baradar

Abdul Ghani Baradar, nascido na província de Uruzgan (sul) e educado em Kandahar, é o cofundador do Talibã junto com o mulá Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte foi escondida por dois anos.

Como muitos afegãos, sua vida foi moldada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahideen - combatente islâmico fundamentalista - e acredita-se que ele tenha lutado ao lado do mulá Omar.

Em 2001, após a intervenção dos Estados Unidos e a queda do regime talibã, fez parte de um pequeno grupo de insurgentes disposto a firmar um acordo que reconhecia o governo de Cabul. Mas esta iniciativa não teve sucesso.

Abdul Ghani Baradar era o comandante militar do Talibã quando foi preso em 2010 em Karachi, no Paquistão. Foi libertado em 2018, especialmente sob pressão de Washington.

Ouvido e respeitado pelas diferentes facções do Talibã, foi nomeado chefe de seu escritório político, localizado no Catar.

Do país do Golfo, liderou as negociações com os americanos, que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.

Jalaluddin Haqqan

Filho de um célebre comandante da jihad anti-soviética, Jalaluddin Haqqani, Sirajuddin é o número dois do Talibã e o chefe da rede Haqqani.

Essa rede, fundada por seu pai, é classificada como terrorista por Washington, que sempre a considerou a facção combatente mais perigosa diante das tropas dos Estados Unidos e da Otan nas últimas duas décadas no Afeganistão.

Também é acusado de ter assassinado algumas autoridades afegãs e de manter ocidentais como reféns para resgate ou mantê-los como prisioneiros, como o militar americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014 em troca de cinco presos afegãos da prisão de Guantánamo.

Conhecidos por sua independência, habilidades de combate e relações frutíferas, acredita-se que os Haqqani estejam no comando das operações do Talibã nas áreas montanhosas do leste do Afeganistão e teriam grande influência nas decisões do movimento.

 Yaqoub

Filho do mulá Omar, Yaqoub é o chefe da poderosa comissão militar do Talibã, que decide os rumos estratégicos da guerra contra o Executivo afegão.

Sua ascendência, fizeram dele uma figura unificadora dentro de um movimento amplo e diverso.

As especulações sobre seu papel exato na insurgência são persistentes. Alguns analistas acreditam que sua nomeação para a chefia dessa comissão em 2020 foi apenas simbólica.

 


 

 

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