Há possibilidade de uma nova guerra ocorrer no Afeganistão? Entenda
Após 20 anos, grupo radical Talibã retoma o poder no País
A retomada de poder do grupo extremista Talibã no Afeganistão estremeceu o mundo. Mais chocante ainda são as cenas de desespero da população afegã que, na tentativa de fugir do país, se penduraram nas fuselagem de aviões e caíam aos montes. Ainda assimilando o que está acontecendo no país, que por 20 anos contou com o suporte do poderoso exército americano, o mundo se pergunta o que vai acontecer a partir de agora. Há risco de uma nova guerra?
Para o cientista político Isaac Luna, o risco de uma grande guerra é mínimo. “A gente nunca pode descartar risco de guerra em disputas de poder baseadas em conflitos bélicos, como é o caso dos países do Oriente Médio. Contudo, não é provável que nesse primeiro momento a gente tenha uma nova guerra. Não há mais interesse de grandes potências naquele espaço. A geopolítica do momento não traz atores fortes que estejam brigando por aquele local, até porque o Afeganistão é um país com pouquíssima atração econômica. Lá não há essa disputa”, explica o especialista.
O que pode acontecer, de acordo com Isaac, são conflitos internos. Um grupo que pode desafiar as tropas do Talibã é o Estado Islâmico. “Nesse momento, há também atividades e avanço do Estado Islâmico dentro desse território. Apesar de serem da mesma matriz religiosa, Estado Islâmico e Talibã não são amistosos. Há uma concorrência entre esses dois grupos. Isso pode, talvez, levar a um conflito”. Apesar dessa hipótese, a probabilidade desse confronto acontecer também é pequena. “Eu acho pouco provável, porque há uma disparidade de forças muito grande. O Talibã acumulou muita força nesses 20 anos de ocupação dos Estados Unidos. É um dos grupos mais poderosos do mundo. Talvez não seja tão fácil para o Estado Islâmico entrar em conflito com eles”, afirma o cientista político.
Com a China apoiando o Talibã, EUA devem voltar ao local?
Nesta segunda, a China afirmou que deseja manter “relações amistosas” com Talibã. China e Afeganistão são vizinhos e dividem 76 quilômetros de fronteira. Em comunicado emitido pelo porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, o País afirmou que “respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão".
Diante da sinalização da China, um possível retorno das tropas americanas não pode ser descartado. Mas assim como as outras hipóteses levantadas, é improvável que aconteça. “Se a China tiver interesse em controlar o espaço político, os Estados Unidos podem voltar a ter interesse. No entanto, não é uma hipótese razoável de se imaginar”, opina Isaac.
Brasil pode se envolver em um possível confronto?
Essa, talvez, seja a hipótese mais fácil de ser descartada. O Brasil que, historicamente nunca foi de se envolver em confrontos externos, também não deve embarcar nessa possível batalha. “Acho que não há chances nenhuma de o Brasil se envolver nesse conflito. É algo que está completamente fora do campo de influência da geopolítica brasileira. Estrategicamente, não há nenhuma razão para o Brasil se envolver em um confronto dessa natureza. Eu penso que não há essa possibilidade”, crava Isaac.