Veja as últimas notícias de hoje sobre o Afeganistão após Talibã retomar o poder
Entre 1996 e 2001, quando governaram o país, os talibãs adotaram uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica
Os talibãs anunciaram nesta terça-feira (17) uma anistia geral para todos os funcionários do Estado, aos quais pediram que voltem a trabalhar normalmente, dois dias após a tomada poder no Afeganistão. "Uma anistia geral foi decretada para todos (...) portanto devem retomar sua vida cotidiana com total confiança", anunciaram os talibãs em um comunicado.
Desde que entraram em Cabul no domingo, após uma ofensiva relâmpago que permitiu o controle de quase todo o país em apenas 10 dias e provocou a fuga do presidente Ashraf Ghani, os talibãs multiplicam gestos que pretendem ser tranquilizadores.
Nesta terça-feira, a vida era retornada ao normal em Cabul. Muitas lojas reabriram as portas, o tráfego era intenso e as pessoas voltaram às ruas. Os talibãs organizam o fluxo nas ruas e instauraram postos de controle. Mas os habitantes da capital têm medo, sobretudo as mulheres, que em sua maioria não se arriscam a sair às ruas.
Entre 1996 e 2001, quando governaram o país, os talibãs adotaram uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica. As mulheres eram impedidas de trabalhar e estudar.
Turquia recebe 'mensagens positivas' dos talibãs no Afeganistão
O governo turco considerou, nesta terça-feira (17), que as mensagens enviadas pelos talibãs desde que assumiram o poder em Cabul são "positivas", acrescentando que foram feitos contatos com o movimento islâmico."Recebemos as positivas mensagens enviadas até agora pelos talibãs aos estrangeiros, às representações diplomáticas e à população local.
Esperamos que isso se reflita em atos", disse o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, em uma entrevista coletiva." Continuamos conversando com todas as partes no Afeganistão, incluindo os talibãs", acrescentou.Após uma ofensiva rápida, os talibãs assumiram o controle de Cabul no domingo (15), o que significou seu retorno ao poder no Afeganistão após 20 anos.
O retorno dos talibãs causou cenas de caos e pânico no domingo e na segunda-feira, sobretudo, no aeroporto de Cabul, onde milhares de pessoas se aglomeraram, desesperadas para deixar o país. Com algumas centenas de soldados estacionados no Afeganistão, a Turquia participa de tarefas de segurança no aeroporto de Cabul, junto com os Estados Unidos.
No mês passado, o país propôs às autoridades americanas assumir o aeroporto da capital afegã após a retirada das tropas dos Estados Unidos. Este plano parece estar em xeque, após o retorno ao poder do movimento islâmico radical, que advertiu a Turquia contra a manutenção de seus militares no país. "Agora, (os afegãos) vão conversar entre eles sobre quem vai fazer parte da transição, ou que tipo de governo provisório eles terão. Veremos e conversaremos tudo isso", disse Cavusoglu.
Uzbequistão adverte contra tentativas de violação da fronteira do Afeganistão
O Uzbequistão advertiu nesta terça-feira (17) contra qualquer tentativa de violação de sua fronteira com o Afeganistão, uma questão crucial que está sendo tratada nas negociações com os talibãs. "A parte uzbeque mantém contatos estreitos com o movimento talibã para garantir a segurança da fronteira e manter a calma na região da fronteira", explicou o Ministério uzbeque das Relações Exteriores, em um comunicado.
"Também declaramos, de maneira inequívoca, que qualquer tentativa de violar as fronteiras nacionais será firmemente reprimida", acrescentou. O Uzbequistão estabeleceu contatos com os talibãs antes que eles recuperassem o poder no Afeganistão, para evitar que os problemas se estendam para seu território. Suas representações em Cabul e Mazar-i-Sharif (norte do Afeganistão) continuam em operação.
O Uzbequistão também pediu a "formação de um governo inclusivo" no Afeganistão e uma "transição pacífica de poder baseada no consenso". Esta ex-república soviética da Ásia Central quer, acima de tudo, evitar o surgimento de grupos armados inspirados, ou apoiados, por islamistas afegãos, como aconteceu no final dos anos 1990 e 2000.No início de agosto, os exércitos russo e uzbeque fizeram exercícios militares conjuntos "antiterroristas" na fronteira afegã.