"Gosto de mim do jeito que sou", diz atleta argentina que teve 88% do corpo queimado na infância

Após ter tido 88% do corpo queimado quando tinha apenas sete meses de vida, em um incêndio que atingiu seu quarto, a argentina Brisa, de 21 anos, superou todas as dificuldades impostas pela sociedade, e também pela medicina, e hoje é atleta, modelo e futura professora. 

Ao site do hospital Garrahan, unidade médica que cuidou dela depois do incêndio, a argentina revelou que consegue se aceitar. "Se houvesse a possibilidade de fazer um transplante de face, eu não aceitaria. Eu me olho no espelho e gosto de mim do jeito que sou", disse. 

Mesmo tendo que lidar com olhares estranhos por toda a vida, ela aprendeu a responder o preconceito e não ter vergonha de quem é. "Eu retribuo o olhar até que parem de encarar (...) Ninguém é mais ou menos que o outro, somos todos iguais".

Aos jovens que, assim como ela, carregam queimaduras pelo corpo, Brisa manda um recado: "Se eles querem fazer algo de que gostam, eles apenas têm que fazer. O que me propus a fazer, sempre consegui", afirmou. 

Por conta do acidente, que atingiu áreas muito sensíveis de seu corpo, como cabeça e braços, Brisa teve um de seus braços amputados. Mesmo assim, no auge de seus 21 anos de idade, ela coleciona uma série de medalhas como corredora, todas conquistadas nos Jogos Nacionais de Evita, competição criada pelo governo argentino voltado a crianças e jovens. 

Em 2020, a jovem encarou mais um desafio e foi convidada para participar do concurso Miss Belleza Mundial. Lá, Brisa recebeu três reconhecimentos: o prêmio de foto mais votada nas redes, o de miss simpatia e o de mulher forte.

Os louros da competição, no entanto, vieram após ela ser contratada por uma agência de modelos em sua cidade natal, Salta. Mas sua vida profissional é ainda mais agitada, e ela divide-se entre dois empregos, o de modelo publicitária, e o de secretária administrativa na Área de Esportes do Município de Salta, onde atua há três anos. 

Como se não bastassem os dois empregos, Brisa quer mais. Seu mais novo desafio, agora, é tornar-se professora de educação física, com desejo de se especializar no ensino de crianças com deficiência. Além disso, ela e a mãe, Mirta, planejam fundar uma ONG para ajudar crianças e pais em situações semelhantes às delas.

“Aprendi a defender o que é meu, mas alguns não têm essas possibilidades e todos nós merecemos o mesmo tratamento. Por isso quero ajudar, orientar nos procedimentos e acompanhar os pais", revelou a mãe da atleta.