CORONAVÍRUS

A pandemia e as histórias de superação de quem vai enfrentar o Enem

Em Pernambuco, mais de 312 mil estudantes realizarão o exame

Imagem do autor
Cadastrado por

Amanda Rainheri

Publicado em 16/01/2021 às 7:00
Especial
X

Se 2020 pudesse ser resumido em uma palavra seria superação. Quando a pandemia do novo coronavírus chegou a Pernambuco, trouxe junto uma série de incertezas para os estudantes, principalmente para quem estava concluindo o ensino médio, às portas dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foram meses de mudança de rotina, de aulas remotas e de muita organização e responsabilidade para manter os estudos em dia. A partir deste domingo (17) mais de 312 mil candidatos inscritos no Enem no Estado vão iniciar uma maratona em busca de seus sonhos. Sonhos que a covid-19 não conseguiu abalar.

>> Em meio à pandemia, pode levar lanche para o Enem 2021? O que comer no dia da prova? Veja dicas de especialistas

>> No Grande Recife, prova do Enem contará com esquema de mobilidade especial

Ex-aluno do Colégio Dom, em Olinda, Grande Recife, Camile Rodrigues, de 17 anos, lembra da apreensão quando os primeiros casos apareceram e as aulas foram suspensas. "Ficamos muito tempo parados antes de começarem as aulas online. E mesmo quando elas iniciaram, foi muito difícil. É diferente de ter a presença do professor." Emocionalmente, a pandemia também abalou. "Alguns dias, batia um desânimo total. Ter que assistir aula de dentro do seu quarto torna difícil criar foco", conta ela, que quer cursar farmácia. Apesar das dificuldades, Camile se sente feliz. "É uma felicidade terminar um fase da minha vida. A cabeça agora fica a mil com as novas responsabilidades."

Para Matheus Camarotti, 17, que também estudou no Dom, 2020 deixou um sentimento de falta de conclusão. "Na minha cabeça, ainda não concluí o colégio, não teve um ponto final. O ano inteiro foi de muita incerteza. No início, a gente acreditava que abril acabaria, depois em setembro. Estamos em janeiro de 2021 e o Enem só está acontecendo agora." Matheus, que pretende cursar ciências biológicas, encontrou uma aliada em meio ao período de quarentena: a meditação. "Ajudou bastante. Comecei a reservar um tempo para meditar e refiz o meu plano de estudo para retomar a rotina", conta. A expectativa é de aprovação, mas a sensação maior é de dever cumprido. "Sei que fiz o meu máximo. Não é fácil passar pelo que todos nós, alunos e professores, passamos. Ninguém esperava nada disso."

Ex-aluno da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Santa Paula Frassinetti, no Espinheiro, Zona Norte do Recife, Luiz Neto, 17, vai para o primeiro dia de provas do Enem apreensivo, mas com a certeza de ter se esforçado para alcançar um bom resultado. "Consegui lidar bem com as aulas remotas, mas não tinha estrutura para estudar EAD. Em alguns períodos, tinha um gás grande, em outros não", lembra o fera de direito.

As desigualdades entre estudantes de escolas públicas e privadas ficaram evidentes durante as aulas remotas. Muitos não tinham acesso a computadores e nem mesmo a internet para acompanhar os conteúdos. Essa situação sensibilizou Ruan Victor Xavier, 17, ex-aluno do Erem Sizenando Silveira, no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife. Junto de outros colegas, ele mobilizou uma rede para atender quem precisava. "A gente falava com quem morava perto, para ver se podia ajudar, imprimindo alguma atividade. Muita gente estava querendo desistir do Enem e isso acabou devolvendo a esperança." Ruan quer cursar fisioterapia ou educação física, para continuar fazendo diferença na vida do outro.

As provas do Enem serão realizadas presencialmente neste domingo e no próximo dia 24 de janeiro. Os estudantes que optaram pela versão digital realizarão outras provas nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

Tags

Autor