Só distanciamento social não é suficiente para prevenir contágio pelo coronavírus, diz estudo
Uso de máscara, a boa ventilação do ambiente e a vacinação são estratégias que, somadas ao distanciamento, funcionam muito bem para evitar o contágio
Pesquisadores do departamento de Engenharia de Cambridge, no Reino Unido, concluíram que o distanciamento de dois metros para prevenir o contágio pelo coronavírus é uma medida arbitrária. O estudo, publicado na revista científica Physics of Fluids, sugere que a transmissão aérea do vírus é variável e pode ultrapassar até mesmo esta distância.
Os cientistas apontam a ineficácia do distanciamento social como única medida de combate à covid-19. Uso de máscara, a boa ventilação do ambiente e a vacinação são estratégias que, somadas ao distanciamento, funcionam muito bem para evitar o contágio.
A equipe de engenheiros concluiu que, se uma pessoa com covid-19 e sem máscara tossir, pode contaminar outra a dois metros de distância, mesmo ambas estando ao ar livre. O resultado foi encontrado por meio de um método de modelagem por computador, com o objetivo de analisar como as gotículas com coronavírus se espalham quando tossimos.
Os engenheiros procuraram medir, através de simulações, quantas gotículas atingiriam outra pessoa, comparando com a quantidade de gotículas emitidas. Além disso, observaram se mudariam de tamanho conforme o tempo de emissão e o espaço percorrido no ar.
Os pesquisadores observaram que não há quebra abrupta a partir de dois metros, concluindo que a tosse de uma pessoa contaminada e que não usa máscara pode emitir gotículas maiores, que logo caem em superfícies próximas, mas que as gotículas pequenas se espalham facilmente, a depender da ventilação do ambiente.
Por isso, os cientistas concluem que o distanciamento social, por si só, não é uma medida eficaz de redução de transmissão da covid-19, destacando a importância da vacinação, do uso de máscara e da ventilação nos ambientes.
DELTA
A variante delta do coronavírus, altamente contagiosa, reduziu a eficácia das vacinas contra a transmissão da doença para 40%, disse, ontem, o chefe da OMS, pedindo às pessoas que continuem usando máscaras e respeitando as medidas de distanciamento.
"As vacinas salvam vidas, mas não evitam totalmente a transmissão da covid-19", explicou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Há dados que sugerem que antes da chegada da variante delta, as vacinas reduziam a transmissão em 60%, mas, com o surgimento dessa variante, caiu para 40%", observou.
"Em muitos países e comunidades, tememos que haja um equívoco de que as vacinas acabaram com a pandemia e que as pessoas vacinadas não precisam mais tomar mais precauções", acrescentou.
ITÁLIA
A Itália decidiu, ontem, encurtar o intervalo das doses de reforço da vacina contra a covid-19 e adotar novas restrições às pessoas não imunizadas.
Para conter a quarta onda de contágios, o governo decidiu que a partir de 6 de dezembro, as pessoas não vacinadas não poderão ingressar em restaurantes, bares, cinemas, teatros, clubes noturnos ou academias de ginástica.