COVID-19

Nova variante do coronavírus, com várias mutações, é detectada na África do Sul

A OMS deve se reunir nesta sexta-feira (26) para determinar a periculosidade da nova variante

Imagem do autor
Cadastrado por

AFP

Publicado em 25/11/2021 às 21:30 | Atualizado em 26/11/2021 às 22:20
Notícia
X

Potencialmente muito contagiosa e com múltiplas mutações, uma nova variante da covid-19 foi detectada na África do Sul, que vê sinais de uma nova onda da pandemia, anunciaram cientistas sul-africanos nesta quinta-feira (25).

A variante B.1.1.529 apresenta um número "extremamente alto" de mutações e "podemos ver que tem potencial para se espalhar muito rapidamente", anunciou o virologista Túlio de Oliveira em entrevista coletiva online supervisionada pelo Ministério da Saúde.

Sua equipe do instituto de pesquisa KRISP, vinculado à Universidade de Kwazulu-Natal, foi a que descobriu a variante beta altamente contagiosa no ano passado.

As mutações do vírus inicial podem potencialmente torná-lo mais transmissível a ponto de torná-lo dominante: foi o caso da variante delta, registrada inicialmente na Índia e que, segundo a OMS, reduziu a eficácia das vacinas em termos de transmissão do vírus para 40%.

Neste momento, os cientistas sul-africanos não têm certeza da eficácia das vacinas anticovid existentes contra a nova forma do vírus.

"O que nos preocupa é que esta variante pode não só ter uma capacidade de transmissão aumentada, mas também ser capaz de contornar partes do nosso sistema imunológico", disse outro pesquisador, o professor Richard Lessells.

Até o momento, foram registrados 22 casos, afetando principalmente jovens, de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD). Também foram relatados casos na vizinha Botswana e em Hong Kong, em uma pessoa que voltava de uma viagem à África do Sul.

A OMS deve se reunir nesta sexta-feira (26) para determinar a periculosidade da nova variante.

"Existem muitas variantes, mas algumas não têm influência sobre a evolução da epidemia", comentou em uma coletiva de imprensa John Nkengasong, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC).

Séria ameaça

Contudo, "o número de casos detectados e a porcentagem de testes positivos estão aumentando rapidamente", confirmou o NICD em um comunicado, particularmente na província mais populosa de Gauteng, que inclui Pretória e Johannesburgo.

As estruturas de saúde devem esperar uma nova onda de pacientes nos próximos dias ou semanas, alertaram os cientistas.

A África do Sul, oficialmente o país mais afetado pelo vírus no continente, registra um novo aumento na contaminação nas últimas semanas.

Atribuído primeiramente à variante delta, o aumento "exponencial" das infecções foi provocado por esta nova variante, o que representa "uma grande ameaça", segundo o ministro da Saúde, Joe Phaahla.

O surgimento desta nova cepa "reforça o fato de que este inimigo invisível com o qual lidamos é muito imprevisível", acrescentou.

A África do Sul tem quase 2,9 milhões de casos e 89.600 mortes. Mais de 1.200 casos novos em 24 horas foram registrados na quarta-feira, contra cem no início do mês.

As autoridades temem uma nova onda de pandemia até o final do ano, pois apenas 35% dos adultos que reúnem os requisitos necessários estão totalmente vacinados.

Globalmente, a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia. A Áustria impôs recentemente um novo confinamento, a França anunciou um reforço das medidas sanitárias enquanto a Alemanha ultrapassou as 100.000 mortes.

O coronavírus já matou mais de 5,16 milhões de pessoas em todo o mundo desde seu aparecimento na China no final de 2019.

A OMS estima que, considerando o excesso de mortalidade direta e indiretamente ligado à covid-19, o número de vítimas da pandemia pode ser de duas a três vezes superior.

Tags

Autor