Em crise com a Ucrânia, Rússia recebe apoio da China

Vladimir Putin recebeu, nesta sexta-feira (4), o apoio da China de Xi Jinping em seu impasse com o Ocidente sobre a Ucrânia, enquanto os esforços diplomáticos europeus se intensificam para evitar uma guerra

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AFP

Publicado em 04/02/2022 às 23:49 | Atualizado em 04/02/2022 às 23:52
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Vladimir Putin recebeu, nesta sexta-feira (4), o apoio da China de Xi Jinping em seu impasse com o Ocidente sobre a Ucrânia, enquanto os esforços diplomáticos europeus se intensificam para evitar uma guerra.

O Kremlin confirmou que o presidente francês, Emmanuel Macron, é esperado em Moscou na segunda-feira (7) e o chanceler alemão, Olaf Scholtz, em 15 de fevereiro, para conversas com o presidente russo.

Macron também visitará a Ucrânia na terça-feira (8), e Scholtz, em 14 de fevereiro.

Em visita a Pequim pouco antes da abertura das Olimpíadas de Inverno, Putin se uniu ao seu parceiro chinês em uma declaração conjunta a favor de uma "nova era" nas relações internacionais e do fim da hegemonia americana.

Neste documento, os dois países - com relações cada vez mais tensas com Washington - denunciam o papel das alianças militares ocidentais, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a AUKUS (aliança militar entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido), considerando-as destrutivas para "a estabilidade e uma paz justa" no mundo.

Em particular, expressaram oposição "a qualquer futura ampliação da Otan", ecoando a principal exigência de Moscou para uma diminuição das tensões em torno da Ucrânia.

Moscou reuniu dezenas de milhares de soldados nas fronteiras da Ucrânia, o que para os ocidentais é um sinal de uma grande operação militar que está por vir.

ANATOLII STEPANOV / AFP
Militares russos na fronteira ucraniana - ANATOLII STEPANOV / AFP

A Rússia, que nega qualquer projeto nesse sentido, diz que se sente ameaçada pela Aliança Atlântica. Para diminuir as tensões, pede o fim de sua política de expansão e sua retirada do Leste Europeu. Um pedido considerado inaceitável por europeus e americanos.

Moscou e Pequim defendem o conceito de "indivisibilidade da segurança", no qual o Kremlin se baseia para exigir a saída da Otan de sua vizinhança. Nesse sentido, argumenta que a segurança de uns não pode ser alcançada à custa da dos demais, apesar do direito de cada Estado e, portanto, da Ucrânia, de escolher suas alianças.

Balé diplomático

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que se ofereceu para mediar a crise ucraniana e esteve em Kiev na quinta-feira (3), acusou o Ocidente nesta sexta de "piorar as coisas" entre Rússia e Ucrânia.

Enquanto isso, russos e americanos continuam a trocar farpas. Washington assegurou - sem apresentar provas - que Moscou planejava preparar um vídeo de um ataque falso para ter um pretexto para invadir a Ucrânia.

Os Estados Unidos já haviam levantado a possibilidade de a Rússia realizar uma operação "sob falsa bandeira" - onde um país usa sinais de reconhecimento do inimigo para semear confusão.

O Kremlin rejeitou essas acusações, pedindo que não se dê crédito às afirmações das autoridades americanas. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, denunciou alegações "delirantes".

Os europeus intensificaram, por sua vez, os esforços diplomáticos para evitar uma guerra no flanco oriental da UE.

As visitas de Emmanuel Macron e de Olaf Scholtz à Rússia e à Ucrânia fazem parte dessa perspectiva, sendo França e Alemanha os dois mediadores do conflito entre ucranianos e separatistas pró-russos apoiados por Moscou.

"Muitos tópicos estão na agenda. Acima de tudo, haverá discussões sobre as garantias de segurança" exigidas por Moscou, antecipou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sobre Macron.

Quanto à visita de Scholtz, sua primeira à Rússia desde que substituiu Angela Merkel no cargo de chanceler, o funcionário do Kremlin disse esperar "conversas substanciais".

A Ucrânia declarou, nesta sexta, estar satisfeita com o apoio ocidental que, em sua opinião, permitiu derrotar "a estratégia de intimidação" adotada por Moscou nos últimos meses.

SERGEI SUPINSKY / AFP
Exercício militar da Ucrânia em Pripyat, perto da Usina Nuclear de Chernobyl - SERGEI SUPINSKY / AFP

Kiev recebeu esta semana a visita de dirigentes britânicos, poloneses, turcos e holandeses e se prepara para as de Macron e Scholtz.

Para o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, "a Rússia perdeu este jogo".

Em uma vitória simbólica, o gigante americano YouTube fechou, nesta sexta-feira, os canais usados pelos separatistas pró-russos, em guerra contra as forças de Kiev desde 2014. Até agora, este conflito deixou mais de 13.000 mortos.

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