Resíduos

Plástico está presente em larga escala em todos os oceanos, alerta relatório

Contaminação "atingiu todas as partes dos oceanos, da superfície ao fundo do mar, dos polos às costas das ilhas mais isoladas, do menor plâncton à maior baleia", afirma a organização

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AFP

Publicado em 08/02/2022 às 9:13
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Os resíduos plásticos alcançaram "todas as partes dos oceanos" e ameaçam a biodiversidade marinha, alerta um relatório a organização Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que pediu um tratado internacional para combater o problema.

A contaminação "atingiu todas as partes dos oceanos, da superfície ao fundo do mar, dos polos às costas das ilhas mais isoladas, do menor plâncton à maior baleia", afirma a organização, a poucas semanas de uma assembleia sobre meio ambiente da ONU.

Entre 19 e 23 milhões de resíduos plásticos param no mar a cada ano, afirma o relatório, que resume mais de 2.000 estudos sobre o tema.

Os resíduos sofrem uma decomposição e viram partículas minúsculas partículas, antes da transformação em "nanoplásticos", de tamanho inferior ao mícron (milésima parte de um milímetro).

A situação é tão grave que, mesmo com o fim do constante despejo de lixo atual, o volume de microplásticos dobraria até 2050, por causa dos resíduos já presentes.

Porém, o mais inquietante é que a inundação de material plástico não será interrompida: a produção de plástico novo deve dobrar até 2040, o que triplicará os resíduos nos oceanos.

"Estamos chegando a um ponto de saturação em vários lugares, o que representa uma ameaça não apenas para as espécies, e sim para todo o ecossistema", explica Eirik Lindebjerg, diretor de pesquisas sobre resíduos plásticos no WWF.

Além das imagens impactantes de tartarugas ou focas presas em redes, toda a cadeia alimentar está em perigo.

Um estudo de 2021 sobre 555 espécies de peixes localizou restos de plásticos em 386 delas.

Outros cientistas que examinaram a pesca de bacalhau, um dos peixes mais comercializados, detectaram que até 30% dos peixes no Mar do Norte tinham microplásticos no estômago.

Quase 17% dos arenques capturados no Mar Báltico também tinham microplásticos.

No Atlântico Norte, 74% das aves marinhas haviam ingerido plástico. Um estudo no Havaí calculou o percentual nesta região do Pacífico em 69%.

"O que demonstramos com este relatório é que os ecossistemas têm um limite para absorver a contaminação", explica Erik Lindebjerg.

No Mediterrâneo, no Mar Amarelo, no Mar da China Oriental (entre China, Taiwan e a península coreana) e nas águas geladas do Ártico, o limite já foi alcançado.

"O sistema não admite mais plástico, por isso que temos que seguir para zero emissão, poluição zero, o mais rápido possível", Erik Lindebjerg.

"Limpar os oceanos é extremamente difícil e caro", recorda.

Uma conferência sobre o meio ambiente organizada pela ONU acontecerá em Nairóbi de 28 de fevereiro a 2 de março.

Este é o momento de propor um acordo internacional "que possa resultar no fim de alguns produtos que não precisamos" e em critérios de produção e de reciclagem internacionais, pede o especialista.

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