Biden pede que americanos deixem a Ucrânia e alerta que não mandará tropas de resgate
Ele garantiu que não pretende enviar soldados para resgatar aqueles que queiram esperar uma invasão russa para fugir
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta quinta-feira (10) que os cidadãos americanos na Ucrânia devem deixar o país imediatamente. Ele garantiu que não pretende enviar soldados para resgatar aqueles que queiram esperar uma invasão russa para fugir.
"Os cidadãos americanos devem sair agora", disse em entrevista à NBC News. "Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista. Estamos lidando com um dos maiores Exércitos do mundo. É uma situação muito diferente, e as coisas podem sair do controle rapidamente."
Questionado se haveria algum cenário em que a Casa Branca possa enviar tropas para o resgate de americanos, Biden foi claro. "Não há. Quando os americanos e russos começam a atirar um contra o outro é guerra mundial", afirmou. "Estamos em um mundo muito diferente de antes."
Há semanas o Departamento de Estado americano aconselha os americanos na Ucrânia a deixar o país.
Os dois países estão em estado de conflito desde que Moscou posicionou mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia. A Rússia afirma não planejar invadir o país vizinho, mas exige garantias do Ocidente de que a Otan não permitirá que Kiev e outras ex-nações soviéticas se juntem à aliança militar ocidental.
Apesar de intensos esforços diplomáticos para impedir uma guerra na região, milhares de tropas enviadas por Moscou à Belarus praticam exercícios militares. Comboios de sistemas de mísseis antiaéreos russos foram avistados ao longo de estradas cobertas de neve, como parte das manobras.
A Otan e seus membros também estão em movimento, indo para as fronteiras orientais da aliança. O Reino Unido posicionou mil soldados de prontidão para responder a uma possível crise humanitária na Europa Oriental se a Rússia de fato invadir a Ucrânia. O país também está enviando centenas de tropas para a Estônia e a Polônia como parte de uma demonstração de força da Otan.
Os Estados Unidos estão enviando navios para águas europeias. A Marinha não vinculou diretamente o envio de quatro destróieres à crise da Ucrânia, mas disse que fornecerá "flexibilidade adicional" ao comandante da Sexta Frota dos EUA, cuja área de responsabilidade inclui o Mediterrâneo, e operará em apoio aos aliados da Otan.
Chefes militares de EUA e Belarus dialogam para evitar incidente
O chefe do Estado Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, manteve nesta quinta-feira (10) uma conversa telefônica com seu contraparte bielorrusso, o general Viktor Gulevich, para prevenir a possibilidade de "incidentes infelizes", anunciou o Pentágono.
O diálogo, o primeiro entre os dois militares, tinha como objetivo reduzir os riscos de um incidente "e intercambiar perspectivas sobre a segurança europeia atual", detalhou o porta-voz do Estado Maior americano, o coronel Dave Butler. Os generais concordaram em manter em sigilo os detalhes da conversa, acrescentou.
O governo de Belarus confirmou o telefonema, indicando que foi o general Milley que telefonou para seu homólogo bielorrusso.
"Durante a conversa telefônica, ambas as partes discutiram temas de segurança", detalha o breve comunicado de Minsk.
Os Exércitos russo e bielorrusso iniciaram importantes manobras militares em Belarus nesta quinta-feira. O país faz fronteira com a Ucrânia, que está no centro das tensões entre a Rússia e o Ocidente, enquanto os esforços diplomáticos para desativar a crise continuam.
Na véspera dos exercícios, o Exército russo divulgou um vídeo que mostra uma bateria de sistemas antiaéreos S-400 apontando seus mísseis para o alto em um terreno nevado na região bielorrussa de Brest, fronteiriça com a Ucrânia.
Os Exércitos de Minsk e Moscou não especificaram o número de soldados e equipamentos que participam dessas manobras, mas a inteligência ocidental afirma que 30.000 soldados russos foram destacados para Belarus.
Essa movimentação foi denunciada imediatamente pela Presidência ucraniana como um meio de "pressão psicológica" utilizado por Moscou, que também concentrou mais de 100.000 soldados desde novembro nos arredores de sua própria fronteira com a Ucrânia.