Nancy Pelosi

TAIWAN: Nancy Pelosi, uma longa história de provocação com a China

Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados americana, aumentou a tensão na relação entre Estados Unidos e China ao viajar para Taiwan, que o governo chinês considera uma província rebelde

Amanda Azevedo
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Amanda Azevedo
Publicado em 02/08/2022 às 23:26 | Atualizado em 02/08/2022 às 23:28
SAM YEH / AFP
Nancy Pelosi chegou a Taiwan nesta terça (2) - FOTO: SAM YEH / AFP
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Esta não é a primeira vez que Nancy Pelosi irrita a China. A presidente da Câmara dos Deputados americana, que chegou a Taiwan nesta terça-feira (2), já enfureceu Pequim com uma faixa na Praça da Paz Celestial, ou se reunindo com  Dalai Lama.

Nancy Pelosi aumentou a tensão na relação entre Washington e Pequim ao viajar para Taiwan, que o governo chinês considera uma província rebelde, e se tornou a congressista mais poderosa a visitar a ilha em 25 anos. Ao longo de sua carreira, não perdeu a oportunidade de repreender Pequim pelo que considera um histórico sombrio em matéria de direitos humanos e democracia.

Quando era uma jovem congressista, Pelosi denunciou repetidamente o que chamou de massacre de 1989 na Praça da Paz Celestial contra manifestantes pró-democracia, e acusou o serviço de segurança chinês de realizar "execuções secretas". "Os direitos humanos do povo chinês não são um assunto interno", declarou.

Desde então, Pelosi já criticou os dirigentes chineses e se reuniu com dissidentes políticos e religiosos, bem como com o Dalai Lama. Também classificou como genocídio o tratamento dispensado às minorias muçulmanas na região de Xinjiang.

Dois anos após a repressão de 1989, Pelosi recebeu um convite oficial e viajou para a China com outros dois membros do Congresso. No entanto, irritou seus anfitriões ao visitar a famosa praça e depositar flores em um monumento aos mártires exibindo uma faixa que dizia "Para aqueles que morreram pela democracia na China".

Depois que a polícia chinesa deteve brevemente os congressistas americanos, Pelosi declarou: "Estão há dois dias nos dizendo que existe liberdade de expressão na China. Isso não se encaixa no que nos disseram".

- Chamada de atenção -

A princípio, poderia se considerar uma motivação política, uma vez que Pelosi representa no Congresso americano São Francisco, que conta com uma comunidade chinesa importante, formada na década de 1980 principalmente por pessoas que fugiram da China comunista ou tinham raízes em Taiwan e Hong Kong, muito mais livres.

Depois de 35 anos, no entanto, Pelosi demonstrou ser uma firme defensora dos direitos humanos na China, e não parece dar muita importância ao impacto de suas ações nas relações diplomáticas entre Washington e Pequim.

Pelosi se opôs à organização dos Jogos Olímpicos pela China e defendeu um tratamento comercial duro para aquele país, devido à situação dos direitos humanos. Em 2010, viajou a Oslo para entregar o Prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês detido Liu Xiaobo.

Todos os anos, Pelosi destaca no Congresso a violência do Exército contra a população em Tiananmen e as longas penas de prisão contra os dissidentes chineses. Uma de suas primeiras viagens ao exterior como presidente da câmara foi a Dharamsala, Índia, para se encontrar com o Dalai Lama, que havia recebido em Washington um ano antes.

Segundo a imprensa, o presidente americano, Joe Biden, um aliado próximo de Pelosi, esperava dissuadi-la da ideia de viajar para Taiwan, para evitar irritar a China no momento em que os Estados Unidos estão envolvidos na guerra na Ucrânia. Mas ela se manteve firme.

“Fazemos esta viagem no momento em que o mundo enfrenta uma escolha entre a autocracia e a democracia” e é “essencial deixar claro que nunca cederemos aos autocratas”, ressaltou a deputada.

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