CONFLITO

ONU inicia diálogo para evitar desastre nuclear na Ucrânia

ONU inicia diálogo para evitar desastre nuclear na usina ucraniana de Zaporizhzia, que está no meio do fogo cruzado com a Rússia

Agência Estado
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Publicado em 18/08/2022 às 22:55 | Atualizado em 19/08/2022 às 1:13
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EM GUERRA Ao de Guterres, da ONU, Zelenski pediu a segurança de Zaporizhzia e a desmilitarização da área - FOTO: UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reuniu nesta quinta-feira (18) com os presidentes de Ucrânia, Volodmir Zelenski, e Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para tentar evitar um acidente nuclear na usina de Zaporizhzia, que está no meio do fogo cruzado entre russos e ucranianos.

Na reunião, Guterres alertou que qualquer ataque à usina seria "suicídio" e voltou a falar em desmilitarização da região, proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descarta um acordo de paz enquanto houver tropas em seu território.

Zelenski pediu à ONU que "garanta a segurança" de Zaporizhzia e a desmilitarização da área. O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitou o convite para liderar uma inspeção na usina, mas Moscou ainda não deu o sinal verde.

Guterres pediu que a usina não seja usada em operações militares Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ter bombardeado Zaporizhzia. Desde março, as forças russas ocupam as instalações, onde foram armazenadas armas pesadas, segundo os ucranianos.

Algumas autoridades ucranianas dizem que provocar o pânico pode ser precisamente o objetivo de Moscou, na esperança de que a pressão internacional force Kiev a capitular e fazer concessões territoriais.

A inteligência militar da Ucrânia teme que a Rússia esteja preparando uma simulação de ataque para culpar Kiev, semelhante à estratégia que usou para justificar a invasão, em fevereiro. A mídia estatal russa também acusa a Ucrânia de planejar uma "provocação" na usina para coincidir com a viagem de Guterres.

O fogo cruzado na usina aumenta os temores de um colapso nuclear nos moldes do ocorrido em Chernobyl, em 1986. Alguns países esperam que Guterres seja capaz de trabalhar com Kiev e Moscou para garantir inspeções da AIEA. No início do mês, o diretor da agência nuclear da ONU alertou que Zaporizhzia estava "completamente fora de controle".

Na quarta-feira, 17, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou que a tomada da usina pela Rússia "aumentou o risco de um acidente nuclear" e acusou Moscou de ser "imprudente" ao usar a área como plataforma para lançar ataques de artilharia contra forças ucranianas.

Acordo de grãos

O encontro de ontem também serviu para revisar o progresso das exportações de grãos pelos portos ucranianos, que foram retomadas recentemente após um bloqueio da Rússia. Na sexta-feira, Guterres viajará para Odessa, o maior porto da Ucrânia, para observar os resultados do acordo que restabeleceu o fluxo das exportações.

A guerra agravou a crise alimentar global, porque Ucrânia e Rússia estão entre os principais produtores de grãos do mundo. Antes do conflito, os ucranianos colocavam 50 milhões de toneladas de grãos por ano no mercado mundial. ONU e Turquia intermediaram o acordo para retomar o fluxo de grãos, mas mesmo assim apenas uma pequena parcela das exportações conseguiu sair.

Enquanto isso, no campo de batalha, pelo menos 17 pessoas foram mortas e 42 ficaram feridas em ataques pesados com mísseis russos na região de Kharkiv, na Ucrânia, na noite de quarta-feira e na manhã de ontem, disseram autoridades ucranianas. Os militares russos alegaram que atacaram uma base de mercenários estrangeiros, matando 90.

Aumentando as tensões internacionais, a Rússia enviou aviões de guerra carregando mísseis hipersônicos de última geração para a região de Kaliningrado, um enclave cercado por dois países da Otan, Lituânia e Polônia.

CRIMES DE GUERRA

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou ontem em Lviv que escolheu o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, para liderar uma missão de apuração de possíveis crimes de guerra na Ucrânia. Segundo Guterres, Santos Cruz é um "oficial respeitado com mais de 40 anos de experiência nacional e internacional em segurança pública e militar, até mesmo como comandante de operações de manutenção da paz da ONU - a Minustah, no Haiti, e a Monusco, na República Democrática do Congo. Na Ucrânia, Santos Cruz será encarregado de investigar a explosão em um centro de detenção na região separatista de Donetsk que deixou dezenas de mortos no final de julho.

SUPERSÔNICO

O exército russo disse nesta quinta-feira (18) que enviou aviões de guerra armados com mísseis hipersônicos de última geração para a parte mais ocidental da região báltica. A ação se dá em meio a crescentes tensões com o Ocidente sobre a ação de Moscou na Ucrânia.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que três caças MiG-31 com mísseis hipersônicos Kinzhal chegaram à base aérea de Chkalovsk, no enclave de Kaliningrado, no Mar Báltico, como parte de "medidas adicionais de dissuasão estratégica". Os aviões de guerra serão colocados em alerta 24 horas por dia, disse o órgão.

Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa mostrou os caças chegando à base, mas não carregando os mísseis, que aparentemente foram entregues separadamente.

Também nesta quinta-feira, o Ministério da Defesa da Finlândia disse que dois caças russos MIG-31 são suspeitos de violar o espaço aéreo finlandês no Golfo da Finlândia. A Guarda de Fronteiras do país nórdico iniciou uma investigação preliminar sobre o incidente.

 

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