A agência nuclear da ONU pediu com urgência nessa terça-feira (6) a criação de uma zona de segurança para evitar um desastre na central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia há seis meses e alvo de bombardeios pelos quais os dois países se acusam mutuamente.
"A situação é insustentável" nessa central, alerta a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em um relatório de 52 páginas. "É urgente que se tomem medidas provisórias, como a criação de uma zona de segurança nuclear e proteção" das instalações, localizadas no sul da Ucrânia, acrescenta.
"Os bombardeios no local e nos arredores devem parar imediatamente para evitar mais danos nas instalações", continua o texto, que destaca "as condições extremamente estressantes" nas quais o pessoal ucraniano trabalha, sob controle dos militares russos.
A Rússia lamentou ontem que o relatório do órgão de vigilância nuclear da ONU não responsabilize a Ucrânia pelos bombardeios contra o local ocupado por Moscou. "Lamentamos que em seu relatório não seja citada diretamente a fonte do bombardeio", declarou o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, em sessão do Conselho de Segurança da qual participou remotamente Rafael Grossi, diretor da AIEA.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, comemorou que o relatório mencione "a presença de material militar russo no interior da central nuclear", o que Kiev denuncia há tempos.
Russos e ucranianos se acusam mutuamente pelos bombardeios em Zaporizhzhia e na cidade de Energodar, onde fica a usina. "Neste momento, há explosões na cidade. As provocações continuam. Há bombardeios por parte dos ocupantes", informou no aplicativo Telegram o prefeito de Energodar, Dmytro Orlov.
Ataques
O Ministério da Defesa russo havia afirmado pouco antes que, "nas últimas 24 horas, as Forças Armadas ucranianas dispararam 15 projéteis de artilharia contra a cidade de Energodar e o território da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior".
Três projéteis caíram sobre as instalações e um deles explodiu perto dos tanques de armazenamento de água ao lado do segundo reator dos seis reatores da usina, embora a radioatividade permaneça "dentro das normas", segundo o Ministério.
O relatório da AIEA é resultado da missão realizada na quinta-feira passada por seus inspetores em Zaporizhzhia. O diretor da agência, Rafael Grossi, vai transmiti-lo ao Conselho de Segurança da ONU.
Após essa missão, Grossi afirmou que a "integridade física" da infraestrutura da usina foi "violada em várias ocasiões". Um dia depois, Kiev anunciou que havia atacado uma base russa em Energodar.
A maior parte da equipe internacional deixou a fábrica na sexta-feira. Dos seis especialistas que ficaram, quatro saíram na segunda-feira e dois devem ficar permanentemente.
Comentários