AFP
O bilionário Rishi Sunak foi designado por parlamentares conservadores nesta segunda-feira (24) como seu líder e próximo primeiro-ministro, em substituição a Liz Truss, o que o tornará o primeiro do país vindo de uma minoria étnica.
Dois meses depois de fracassar na primeira tentativa de liderar o Partido Conservador e comandar o governo, Sunak, de 42 anos, foi o único candidato com apoio suficiente.
Truss fará sua última reunião de gabinete na manhã de terça-feira, antes de enviar sua demissão formal ao rei Charles III, que então nomeará Sunak, informou a casa de governo de Downing Street.
O novo líder se dirigirá ao país por volta das 11h35 locais (7h35 no horário de Brasília).
Em um breve discurso em frente à sede de seu partido nesta segunda, Sunak disse que é necessário que haja "estabilidade e unidade", reconhecendo que o Reino Unido enfrenta "um profundo desafio econômico".
"Minha prioridade máxima será unir nosso partido e nosso país, porque, apenas assim, superaremos os desafios que enfrentamos e construiremos um futuro melhor e mais próspero", acrescentou.
Sua única adversária, a ministra encarregada das relações com o Parlamento, Penny Mordaunt, não conseguiu o mínimo de 100 votos - entre os 357 parlamentares conservadores - necessários para apresentar sua candidatura.
Em um comunicado divulgado no domingo à noite, Boris Johnson, de 58 anos, anunciou que tinha o apoio de pelo menos 100 deputados, mas que optou por não apresentar seu nome à sucessão de Liz Truss.
Ela substituiu o então polêmico premiê em 6 de setembro, depois que ele foi obrigado a renunciar em julho, na esteira de uma série de escândalos.
"Não seria o correto. Não se pode governar com eficácia, se não há um partido unido no Parlamento", explicou o ex-líder conservador, cuja eventual candidatura dividia profundamente o partido.
Johnson estava de férias com a família na República Dominicana quando Truss anunciou a renúncia na quinta-feira (20), abalada pelo caos financeiro provocado por suas polêmicas políticas fiscais depois de apenas um mês e meio no poder.
No sábado, Johnson antecipou sua volta a Londres para sondar o terreno a respeito de um possível retorno político, mas acabou desistindo da ideia pela incapacidade de unir o partido.
A decisão abriu o caminho para Sunak, ex-ministro das Finanças de Johnson e acusado por muitos de ter desencadeado a queda do ex-premiê em julho.
FORTUNA BILIONÁRIA
Este bilionário e ex-executivo do setor bancário, neto de imigrantes indianos, que estudou nas escolas da elite britânica, será o primeiro chefe de Governo de religião hindu no momento em que começa o Diwali, uma festividade muito popular entre os seguidores dessa crença.
Sua nomeação "é, obviamente, um momento muito importante para as questões raciais neste país", afirmou o cientista político Anand Menon, da faculdade King's College London, em entrevista à rede BBC.
"Mesmo antes, tínhamos um gabinete com um bom grau de representação das minorias étnicas. E ter alguém no cargo mais alto é simbolicamente muito, muito importante. Mas me tranquiliza ver que não houve tanta discussão a respeito disso, quase como se o povo britânico tivesse aceitado que é algo normal", completou.
Ex-banqueiro de investimentos que acumulou uma grande fortuna antes de entrar para a política em 2015, Sunak é casado com a riquíssima herdeira indiana Akshata Murty, filha do cofundador da gigante tecnológica Infosys.
Defensor da ortodoxia orçamentária, Sunak é considerado por muitos parlamentares de direita como a pessoa adequada para tranquilizar os mercados e retirar o Reino Unido da crise econômica e social, agravada pelos planos ultraliberais de Truss em um momento de elevada inflação.
A oposição trabalhista, que tem grande vantagem nas pesquisas de intenção de voto, insiste em pedir a convocação de eleições antecipadas - as próximas estão previstas para o final de 2024.
"Os conservadores coroaram Rishi Sunak sem que uma palavra tenha sido dita sobre o que ele faria como primeiro-ministro. Não tem mandato, nem respostas, nem ideias. Ninguém votou por isso", criticou a número dois do partido, Angela Rayner.