A Rússia ameaçou barrar navios que estejam transportando grãos da Ucrânia, dois dias depois de Moscou ter dito que abandonaria um acordo que garantia a segurança dessas exportações. O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, disse que a Marinha russa, se necessário, inspecionará navios que obtiveram permissão para deixar a Ucrânia. O Ministério da Defesa russo citou preocupações de segurança e disse que qualquer movimento de navios ao longo de um corredor de grãos previamente designado é inaceitável.
Navios continuavam entrando e saindo dos portos exportadores de grãos da Ucrânia no Mar Negro. Doze navios carregados com grãos partiram dos portos ucranianos nesta segunda-feira, disse o ministro da Infraestrutura do país. Quatro navios estavam programados para partir em direção à Ucrânia para coletar grãos
Os mercados de grãos subiram na segunda, mas autoridades turcas, ucranianas e da ONU prometeram manter os navios em movimento.
Especialistas disseram que qualquer tentativa da Rússia de barrar navios em águas internacionais violaria o direito internacional, que garante a liberdade de navegação. Os esforços russos para interceptar navios civis também violariam a Convenção de Montreux, um tratado de 1936 que rege o acesso ao Mar Negro, disseram analistas.
"É totalmente ilegal", disse Yoruk Isik, chefe da Bosphorus Observer, uma empresa de consultoria que monitora atividades no estreito de Bósforo e no Mar Negro. "A liberdade de navegação é o principal pilar da lei dos mares em todo o mundo."
A Rússia ainda tem recursos navais consideráveis na região, apesar de meses de ataques de drones e mísseis ucranianos. A Rússia tem pelo menos quatro submarinos movidos a diesel, duas fragatas armadas com foguetes, torpedos e mísseis de cruzeiro, 10 grandes navios anfíbios, além de navios de patrulha menores pertencentes à marinha e à guarda costeira russas.
PELA UCRÂNIA
O governo do Reino Unido, por sua vez, anunciou um pacote de 6,3 milhões de libras para aumentar as defesas cibernéticas da Ucrânia. O programa foi criado logo após a invasão da Rússia ao país, em fevereiro, mas só foi anunciado nesta terça-feira (1º) "para proteger sua segurança operacional", disse o secretário britânico das Relações Exteriores, James Cleverly.
O programa fornece suporte à Ucrânia contra ataques cibernéticos, impedindo o vazamento de informações vitais em relação à guerra da Rússia no país.
Além de firewalls, o programa também inclui proteção contra DDoS - ataque que interrompe o tráfego de um servidor ou de uma rede.
Segundo o governo do Reino Unido, a Rússia já vem realizando ataques cibernéticos na Ucrânia desde 2015.
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