ESTADOS UNIDOS E CHINA

Biden e Xi Jinping adotam tom conciliatório e prometem retomar cooperação

Reunião foi a primeira presencial entre os dois desde a eleição de Biden

Agência Estado
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Publicado em 14/11/2022 às 22:50 | Atualizado em 14/11/2022 às 22:50
SAUL LOEB / AFP
EM BALI Presidentes se reuniram na Indonésia, que recebe a cúpula do G20 - FOTO: SAUL LOEB / AFP
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Os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, se reuniram por mais de 3 horas ontem às margens da cúpula do G-20, em Bali, na Indonésia, e se comprometeram a reduzir as tensões recentes entre os dois países. A reunião foi a primeira presencial entre os dois desde a eleição de Biden. O presidente americano descartou uma nova Guerra Fria e o líder chinês disse que Taiwan é a única questão inegociável na relação entre os dois países.

"Não precisa haver uma nova Guerra Fria. Encontrei-me muitas vezes com Xi e fomos francos e claros um com o outro em todos os aspectos. Não acho que haja qualquer tentativa por parte da China de invadir Taiwan", disse Biden.

"Taiwan faz parte dos interesses centrais da China e é a base das relações políticas China-EUA. Esta é a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada. Qualquer pessoa que procure separar Taiwan da China estará violando os interesses centrais da China, e o povo chinês nunca permitirá que isso ocorra", afirmou Xi.

Os EUA mantêm uma posição ambígua com relação a Taiwan. De acordo com a política de "uma só China", elaborada durante a presidência de Richard Nixon, nos anos 70, Washington reconhece o governo comunista em Pequim como representante único do país. Ao mesmo tempo, defende a manutenção do status quo no Estreito de Taiwan.

Recentemente, a visita à ilha da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, irritou os chineses, que fizeram diversos exercícios militares, isolando Taiwan. A resposta reflete uma diplomacia cada vez mais agressiva de Pequim no Pacífico.

Nesta segunda-feira (14), Biden reiterou a Xi que se opõe a qualquer mudança unilateral na situação atual de Taiwan. Do lado chinês, Pequim elogiou o compromisso americano. Os dois líderes reconheceram a necessidade de baixar a temperatura na relação bilateral, uma situação que, segundo Xi, "não interessa a nenhum dos dois lados".

Desde que assumiu, Biden critica a China por abusos de direitos humanos contra o povo uigur e outras minorias étnicas, pela repressão a ativistas em Hong Kong, por práticas comerciais coercitivas, provocações militares contra Taiwan e pelo apoio de Pequim à Rússia após a invasão da Ucrânia.

No mês passado, Biden bloqueou as exportações de chips de computador avançados para a China e conseguiu aprovar uma lei no Congresso que libera US$ 52 bilhões para produzir e desenvolver semicondutores avançados nos EUA, reduzindo a dependência americana dos chineses.

Observadores acreditam que haja interesse comum em baixar a temperatura da crise. "Ambos os lados parecem querer a redução das tensões", disse Danny Russel, ex-diplomata que aconselhou Biden em reuniões anteriores com Xi e é vice-presidente do Asia Society Policy Institute.

As diferenças entre EUA e China, no entanto, não desapareceram. "Xi sinalizou que quer evitar que as divergências se transformem em conflito. Mas os dois lados têm ideias totalmente diferentes sobre como estabelecer limites", afirmou Chen Dongxiao, presidente dos Institutos de Estudos Internacionais, de Xangai.

A Casa Branca elogiou o fato de Xi ter alertado pela primeira vez contra o uso de armas nucleares na guerra da Rússia contra a Ucrânia. Ontem, os dois concordaram publicamente que as "armas nucleares nunca devem ser usadas" - um sinal claro para o presidente russo, Vladimir Putin.

"Os presidentes Biden e Xi reiteraram o seu acordo de que nunca deverá ser travada uma guerra nuclear e reforçaram a oposição de ambos ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia", afirmaram os dois em comunicado conjunto.

 

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