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GOLPE NO PERU: quem é PEDRO CASTILLO? Como ele virou PRESIDENTE DO PERU e qual a sua história?

Castillo, 53 anos, era praticamente desconhecido até cinco anos atrás

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 08/12/2022 às 8:23
Gian MASKO / AFP
Pedro Castillo, candidato à presidência do Peru - FOTO: Gian MASKO / AFP
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Quando foi eleito, no ano passado, o professor rural de esquerda Pedro Castillo se tornou o primeiro presidente do Peru sem laços com as elites.

Castillo gerou esperança de reformas, mas, assim como antecessores, foi destituído em meio a acusações de corrupção, horas depois de tentar dissolver o Congresso, nesta quarta-feira. Mais tarde, o Ministério Público do Peru anunciou a sua prisão. Ele é acusado de rebelião, informou uma fonte à AFP.

Castillo, 53 anos, era praticamente desconhecido até cinco anos atrás, quando liderou uma grande greve do magistério, que obrigou o governo a aumentar os salários.

Ele nasceu em 19 de outubro de 1969, em Puña, pequena cidade do distrito de Chota, na região de Cajamarca, norte do país, onde foi professor de uma escola rural por 24 anos. É o terceiro de nove irmãos, e seus pais são camponeses analfabetos.

Quando criança, Castillo ajudava os pais nos trabalhos no campo e precisava caminhar quilômetros para frequentar a escola.

“Pela primeira vez, nosso país será governado por um camponês, uma pessoa que pertence aos setores oprimidos”, declarou emocionado ao assumir a presidência, vestindo um traje tradicional andino e um enorme chapéu típico de seu povoado.

 

“Sem mais pobres em um país rico”, repetiu como um mantra o agora ex-presidente durante sua campanha pelo Perú Libre, partido minoritário marxista-leninista.

Com seu emblemático chapéu branco, Castillo percorreu o país, muitas vezes a cavalo, para conseguir votos. Em ocasiões pouco formais, vestia poncho e sandálias.

Ele prometeu “um país sem corrupção” e assumiu o sentimento de indignação de milhões de peruanos. Surpreendeu ao vencer por pouco nas urnas a direitista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), atualmente preso.

Depois de eleito, um consultor de imagem o aconselhou a abandonar o chapéu, para aumentar seus baixos índices de aprovação.

Católico, ele citava passagens bíblicas para justificar ser contra o aborto, o casamento homossexual e a eutanásia. No pátio de sua casa, há uma pintura de Jesus cercado de ovelhas, com a legenda em inglês “Jehovah is my shepherd” (Jeová é meu pastor).

Ataque sem quartel

A destituição de Castillo por “incapacidade moral permanente” foi aprovada nesta quarta-feira, horas depois de o presidente anunciar a dissolução do Congresso, decretar toque de recolher e dizer que governaria por decreto.

Apenas duas horas depois, a vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu a chefia de Estado até o fim do mandato de Castillo, em julho de 2026.

Foi a terceira tentativa do Congresso de tirar do poder um presidente que registrava 70% de rejeição e enfrenta seis investigações judiciais por corrupção e fraude. Vários de seus parentes e amigos próximos também foram acusados de corrupção.

A briga acirrada entre os poderes Executivo e Legislativo foi alimentada neste ano por uma investigação fiscal contra o líder sindical por dirigir uma suposta organização criminosa que concede contratos públicos em troca de dinheiro.

A oposição também o acusava de falta de rumo. Criticavam suas constantes crises ministeriais, que resultaram em cinco gabinetes e um rodízio de 80 ministros, algo inédito no Peru.

Para a maioria do Congresso, “não é possível que um camponês governe o país”, disse o ex-presidente nesta quarta-feira, ao anunciar que estava fechando o parlamento. Mas as Forças Armadas e a polícia não o apoiaram, e o Congresso o ignorou e aprovou o seu impeachment.

Uma moção semelhante levou à queda dos ex-presidentes Pedro Pablo Kuczynski em 2018 e Martín Vizcarra em 2020. O ex-presidente Alberto Fujimori foi destituído pelo Congresso em novembro de 2000.

Em 2017, durante a greve magisterial que liderou, o governo vinculou as lideranças dos professores ao Movadef, braço político da derrotada guerrilha maoísta Sendero Luminoso, considerada terrorista no Peru.

“Rejeito categoricamente as denúncias”, respondeu Castillo, que se uniu às “rondas campesinas” armadas de Cajamarca que resistiram às incursões do Sendero durante o conflito interno (1980-2000).

Perto de sua casa, Castillo possui uma fazenda de um hectare onde cultiva milho e batata, além de criar galinhas e vacas.

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