Diplomacia

Irã critica Estados Unidos após expulsão de comissão da ONU sobre mulheres

O porta-voz iraniano condenou veementemente os esforços do governo dos EUA para conseguir a saída do Irã da comissão

AFP
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Publicado em 15/12/2022 às 10:35
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Após a morte de Masha Amini, em setembro, milhares de iranianas estão indo às ruas para protestar - FOTO: Pixabay
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O Irã criticou, nesta quinta-feira (15), os Estados Unidos após sua expulsão de uma comissão da ONU sobre os direitos das mulheres por sua gestão dos protestos provocados pela morte em setembro da jovem Mahsa Amini.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) votou, na quarta-feira, por iniciativa dos Estados Unidos, a expulsão "imediata" do Irã da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) pelo restante de seu mandato (2022-2026).

"Esta ação unilateral dos Estados Unidos contra a República Islâmica do Irã é uma tentativa de impor demandas políticas unilaterais e ignorar o processo eleitoral nas instituições internacionais", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani, em comunicado nesta quinta-feira.

Estados Unidos

O porta-voz condenou veementemente os esforços do governo dos EUA para conseguir a saída do Irã da comissão, criada exclusivamente para promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, na qual Teerã foi eleito em abril.

Considera que esta decisão carece de “justificativa jurídica”, denunciando “uma heresia política que desacredita esta organização internacional e também abre um precedente para futuros abusos de instituições internacionais”.

A maioria simples foi necessária para adotar a decisão, que foi aprovada após 29 membros do ECOSOC votarem a favor, oito países votarem contra (entre eles Rússia e China) e 16 abstenções.

O texto afirma que as autoridades iranianas “minam continuamente e reprimem cada vez mais os direitos humanos de mulheres e meninas, incluindo o direito à liberdade de expressão e opinião, muitas vezes usando força excessiva”.

Expulsão

As Nações Unidas expulsaram o Irã do um organismo de direitos femininos devido à brutal repressão por parte do governo de Teerã aos protestos liderados por mulheres.

A UNCSW é o principal órgão intergovernamental do mundo dedicado exclusivamente à promoção da igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres.

A resolução do ECOSOC retira o Irã de sua participação na comissão com efeito imediato, alegando que Teerã "mina, continuamente, e reprime cada vez mais os direitos humanos das mulheres e das meninas, incluindo o direito à liberdade de expressão e de opinião, muitas vezes com uso excessivo da força".

Também denuncia a aplicação de "políticas flagrantemente contrárias", não apenas aos direitos humanos, mas também ao mandato da comissão, assim como "o uso de força letal que resulta na morte de manifestantes pacíficos, incluindo mulheres e meninas".

No início de novembro, a vice-presidente americana, Kamala Harris, disse que seu país trabalharia com outras nações para expulsar o Irã da comissão.

Em uma reação inicial, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, saudou a "importante" votação sobre o tratamento do Irã aos "manifestantes pacíficos em seu país" e "às mulheres que lançaram esses protestos".

Aqueles que se opuseram à medida, incluindo Rússia e China, ressaltaram que o Irã foi eleito para o órgão e que expulsá-lo estabelece "um precedente perigoso".

As nações que integram a comissão de mulheres são eleitas pelo ECOSOC, cujos membros são votados, por sua vez, pela Assembleia Geral da organização.

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