Em entrevista concedida ao jornal espanhol ABC, o papa Francisco afirmou que o julgamento que acabou levando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva à prisão, em 2018, começou por conta da propagação de notícias falsas contra o petista.
O Pontífice alertou sobre os perigos das "fake news", que podem destruir a vida de uma pessoa. "O processo de julgamento começou com notícias falsas na mídia que acabaram criando um ambiente favorável ao seu julgamento (Lula). O problema das 'notícias falsas' sobre líderes políticos e sociais é gravíssimo, pois elas podem destruir uma pessoa", declarou o papa Francisco.
Ainda de acordo com o líder da Igreja Católica, toda pessoa merece e tem direito a um processo limpo, sem interferências. "Um julgamento tem que ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe, que não têm outro interesse senão salvar a limpeza da justiça. Esse caso do Brasil é histórico, não entro em política. Eu conto o que aconteceu", pontuou o argentino.
"É preciso ter cuidado com quem arma um processo, seja ele qual for. Eles montam para você através da mídia de tal forma que influenciam aqueles que têm que julgar e decidir", complementou o papa Francisco.
Relembre o caso
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso em 7 de abril de 2018 após se entregar à Polícia Federal, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo.
O ex-presidente ficou 580 dias presos após ser condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex do Guarujá.
De acordo com as investigações da operação Lava Jato, o petista teria recebido R$ 3,7 milhões em propina da construtora OAS por meio do tríplex e também por armazenamento de bens. Em retorno, ele supostamente teria favorecido a construtora em contratos com a Petrobras durante sua gestão da presidência.
No dia 8 de novembro de 2019, após ficar 580 dias em cárcere, Lula foi solto e deixou a prisão em Curitiba (PR). A soltura de Lula foi autorizada pelo juiz Danilo Pereira Júnior. A decisão foi baseada no argumento que o Superior Tribunal Federal (STF) proibiu prisões de réus condenados em segunda instância para cumprir pena.
Em 2021, o Superior Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula por interpretar que o ex-presidente não teve seus direitos respeitados pelo juiz Sérgio Moro durante os processos.
Desde o início das acusações Lula sempre alegou sua inocência e hoje fala que foi perseguido pela Lava Jato e pelo juiz Sérgio Moro.
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