GUERRA RÚSSIA E UCRÂNIA

GUERRA RÚSSIA E UCRÂNIA: bombardeios continuam na Ucrânia, apesar da trégua decretada pela Rússia

O Exército russo garantiu, no entanto, que está respeitando a trégua

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 06/01/2023 às 16:40
Genya SAVILOV / AFP
Segue conflito intenso na Ucrânia - FOTO: Genya SAVILOV / AFP

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Os bombardeios continuaram nesta sexta-feira (6) em ambos os lados do front em Bakhmut, epicentro dos combates no leste da Ucrânia, e em outras localidades do país, apesar do cessar-fogo unilateral decretado pela Rússia por ocasião do Natal ortodoxo.

Jornalistas da AFP ouviram disparos de artilharia de ambos os lados da linha de frente em Bakhmut, uma cidade com ruas em grande parte destruídas e desertas, depois que o cessar-fogo começou teoricamente às 12h locais (6h em Brasília).

Pavlo Diatchenko, um policial de Bakhmut, chamou a trégua de "provocação" russa. Os civis "estão sendo bombardeados dia e noite e quase todos os dias há mortes", disse ele.

O Exército russo garantiu, no entanto, que está respeitando a trégua e acusou as tropas ucranianas de "continuar bombardeando cidades e posições russas".

O vice-chefe da administração presidencial ucraniana, Kirilo Timoshenko, relatou dois bombardeios russos em Kramatorsk e outro em Kurakhove, no leste. Ele também relatou um bombardeio russo em Kherson (sul).

Na província de Luhansk, também no leste, as autoridades locais reportaram 14 disparos de artilharia e assinalaram que os civis ficaram "o dia todo nos porões".

As autoridades separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia relataram vários bombardeios de seu reduto em Donetsk, antes do cessar-fogo decretado pelo presidente russo, Vladimir Putin, entrar em vigor.

Seguindo o apelo do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, e do presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, Putin ordenou um "cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato entre os lados na Ucrânia" das 12h locais (6h em Brasília) de 6 de janeiro até a meia-noite (18h em Brasília) do dia seguinte.

 

'Buscar oxigênio' 


Esta deveria ser a primeira grande trégua na Ucrânia desde que a invasão russa começou em 24 de fevereiro.

A Ucrânia, no entanto, recebeu o anúncio com ceticismo. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, estimou que se tratava de uma "desculpa para conter o avanço" das tropas de Kiev na região de Donbass, no leste, e levar "equipamentos, munições e aproximar homens das nossas posições".

Putin havia pedido que as tropas ucranianas respeitassem a trégua para permitir que os ortodoxos, a fé majoritária na Ucrânia e na Rússia, "participassem dos serviços religiosos na véspera de Natal, além do dia da Natividade de Cristo".

Os aliados de Kiev também receberam esse anúncio com desconfiança.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou que o objetivo de Putin é "buscar oxigênio". O presidente russo "estava pronto para bombardear hospitais, creches e igrejas" em 25 de dezembro e no dia de Ano Novo, disse Biden durante discurso na Casa Branca.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, disse que a trégua "não contribuirá em nada para avançar nas perspectivas de paz", enquanto diplomatas alemãs garantiram que o cessar-fogo não trará "nem liberdade nem segurança" à Ucrânia.

Já o alto representante de Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, classificou a trégua como "hipócrita" e "pouco confiável".

"A resposta que vem na cabeça de todos é ceticismo diante tanta hipocrisia", declarou Borrell à imprensa durante visita a Fez, no Marrocos.

 'Novas realidades'

Durante seu telefonema com Erdogan, Putin disse que a Rússia estava pronta para entrar em um "diálogo sério" com a Ucrânia, desde que esta cumprisse as exigências russas e aceitasse as "novas realidades territoriais" derivadas da invasão do país.

Em setembro, Moscou reivindicou a anexação de quatro oblasts (províncias) ocupados, pelo menos parcialmente, por seus militares na Ucrânia, apesar dos muitos reveses militares russos no terreno, assim como fez com a península ucraniana da Crimeia em março de 2014.

Zelensky insiste na retirada total das forças russas de seu país, incluindo da Crimeia, antes de iniciar qualquer diálogo com Moscou. Caso contrário, promete recuperar os territórios ocupados à força.

Putin acusou o Ocidente de "fornecer armas e material militar ao regime de Kiev e de oferecer informação" de inteligência.

Na quinta-feira, Estados Unidos e Alemanha prometeram fornecer a Kiev veículos de combate de infantaria Bradley e Marder. A França anunciou que enviaria blindados AMX-10 RC.

Berlim também se comprometeu a enviar uma bateria de defesa antiaérea Patriot, seguindo os passos de Washington.

 

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