PROTESTOS NA FRANÇA

Mais de um milhão de pessoas protestam na França contra a reforma da Previdência

A reforma da Previdência é uma das principais medidas que o presidente francês, de 45 anos, prometeu durante a campanha

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 19/01/2023 às 16:29 | Atualizado em 19/01/2023 às 16:30
Thomas SAMSON / AFP
FRANÇA Protestos contra reforma da previdência - FOTO: Thomas SAMSON / AFP

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Mais de um milhão de pessoas (1,12 milhão), 80 mil só em Paris, protestaram nesta quinta-feira (19) em toda a França contra a reforma da Previdência, impulsionada pelo presidente Emmanuel Macron, informou o Ministério do Interior.

Os dados do ministério superam a meta do milhão de participantes, estabelecida pelos organizadores, embora esteja abaixo dos 2 milhões, estimados pelo líder do sindicato CGT, Philippe Martinez.

A reforma da Previdência é uma das principais medidas que o presidente francês, de 45 anos, prometeu durante a campanha que levou à sua reeleição em abril, após um primeiro projeto em 2020 que precisou abandonar, devido à chegada da pandemia da covid-19.

Depois de anos de crise (protesto social dos coletes amarelos, pandemia, inflação), o jornal Le Parisien destaca que a reforma representa um "teste decisivo" para Macron sobre seu mandato e sobre "a marca que deixará na história".

O presidente, que se encontra nesta quinta-feira em Barcelona para uma cúpula franco-espanhola, tentou enfraquecer a frente sindical no dia anterior, considerando que há sindicatos que "convocam protestos num marco tradicional" e outros que querem "bloquear o país".

Embora sua intenção inicial fosse adiá-la de 62 para 65 anos, sua primeira-ministra Élisabeth Borne acabou estabelecendo a idade em 64 anos, mas antecipou para 2027 a exigência de contribuir 43 anos para receber a aposentadoria completa.

Esses dois pontos provocaram a rejeição social e sindical. De acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada na quarta-feira (18), embora 81% dos franceses considerem uma reforma necessária, 61% rejeitam a proposta, e 58% apoiam o movimento grevista.

A primeira frente sindical unitária desde 2010, quando tentou em vão impedir o aumento da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos por parte do governo do presidente conservador Nicolas Sarkozy, espera agora levar um milhão de manifestantes às ruas.

Toulouse já registrou 36.000 manifestantes; Marselha, 26.000; Nantes, 25.000; e Lyon, 23.000; conforme alguns números preliminares divulgados pelas autoridades.

É possível alcançar o sucesso de 1995? Presente no imaginário coletivo, esse intenso protesto durante o inverno, que deixou metrôs e trens parados nas plataformas por mais de três semanas, foi o último a paralisar uma reforma da Previdência.

O ministro Clément Beaune já avisou que hoje seria um dia "infernal" nos transportes e pediu aos cidadãos que trabalhem de casa. Muitos também terão de cuidar dos filhos, já que 70% dos professores entraram em greve, segundo os sindicatos.

"Vou trabalhar de casa, já que, com as greves, não posso correr o risco", disse Abdou Syll, um consultor que precisa cruzar a região de Paris para ir até o escritório.

Em Barcelona, onde participou de uma cúpula com o presidente espanhol Pedro Sánchez, Emmanuel Macron defendeu uma reforma "justa e responsável" e pediu que as manifestações ocorram "sem desordem, violência, ou destruição".

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