AFP
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, exortou nesta segunda-feira (30) em Jerusalém a implementação de "medidas urgentes" para frear a nova espiral de violência entre israelenses e palestinianos.
A visita a Jerusalém marca a segunda etapa de uma viagem relâmpago pelo Oriente Médio que começou no domingo no Egito e estava prevista há muito tempo. A viagem tomou um novo rumo com a recente escalada sangrenta da violência na região.
"Agora pedimos a todas as partes que tomem medidas urgentes para recuperar a calma e [iniciar] uma desescalada", disse Blinken em entrevista coletiva com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Queremos garantir que haja um ambiente no qual possamos, espero que em algum momento, criar as condições para começar a restaurar um sentimento de segurança tanto para israelenses como para palestinos", acrescentou.
A situação entre palestinos e israelenses piorou acentuadamente nos últimos dias com bombardeios, ataques a tiros, ataques aéreos e medidas punitivas, deixando mortos em ambos os lados.
Depois de se reunir com Netanyahu, Blinken deve se encontrar com seu homólogo israelense, Eli Cogen, e com o presidente, Isaac Herzog.
Sua agenda também inclui um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
"Solução justa"
Antes de chegar a Jerusalém, Blinken passou pelo Cairo, capital egípcia, onde apelou "à calma e ao apaziguamento das tensões". Em uma coletiva de imprensa conjunta, seu homólogo egípcio, Sameh Shukri, defendeu uma "solução justa" para o conflito israelense-palestino, mais do que nunca paralisado.
O Egito é um mediador histórico nesse conflito. Primeiro país árabe a assinar a paz com Israel em 1979, e vizinho da Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense há mais de 15 anos, o Egito recebe tanto os chefes de governo israelenses quanto os líderes dos diferentes partidos palestinos.
Após os recentes ataques a Israel, o governo de Benjamin Netanyahu anunciou um pacote de medidas para punir os familiares dos autores desses atos.
As forças israelenses isolaram a casa da família de um palestino que matou sete pessoas na sexta-feira (27) diante de uma sinagoga em Jerusalém Oriental, a parte palestina da Cidade Santa ocupada por Israel, e planejam destruir a casa.
O ataque ocorreu um dia depois de um incursão israelense ao acampamento de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, no qual dez palestinos morreram. Em resposta, foguetes foram lançados a partir da Faixa de Gaza em direção ao território israelense. Logo depois, o Exército do Estado Hebreu bombardeou o enclave palestino.
No sábado (28), um palestino feriu dois israelenses em Jerusalém Oriental e, no domingo, seguranças israelenses mataram um palestino na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. E nesta segunda-feira as forças israelenses mataram um palestino em Hebron, no sul da Cisjordânia.
Expectativas limitadas
Blinken disse ao canal saudita Al-Arabiya que quer "conversar com o governo israelense e com os líderes da Autoridade Palestina".
"Quero ouvir o que as pessoas que são afetadas diariamente (pelo conflito) têm a dizer", afirmou.
Embora Estados Unidos e Egito sejam importantes atores diplomáticos, especialistas avaliam que o espaço de manobra do secretário de Estado americano é limitado.
Washington condenou o "atroz" ataque em Jerusalém Oriental e instou Netanyahu e Abbas a "tomarem medidas urgentes para reduzir a tensão", segundo o Departamento de Estado. Em privado, porém, as autoridades americanas não escondem sua frustração com a escalada e com o impasse no conflito entre israelenses e palestinos.
Ainda que se espere pouco avanço na frente da desescalada, analistas afirmam que Washington está tentando retomar contatos com Netanyahu. Várias autoridades americanas estiveram em Jerusalém, recentemente, e alguns especialistas falam de uma possível visita de Netanyahu à Casa Branca em fevereiro.
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