Em uma etapa da guerra marcada por poucos avanços, tropas russas fecharam o cerco ontem sobre a cidade de Bakhmut, ponto estratégico na Província de Donetsk. O avanço pressiona os ucranianos, que começaram a retirar civis e ontem explodiram uma ponte de acesso à cidade. A Ucrânia ainda aguarda a chegada da prometida ajuda da Otan, que hesita em enviar caças à guerra.
Oficialmente, Kiev nega que esteja organizando uma retirada total de tropas de Bakhmut. Moscou também afirma que os combates seguem ativos e intensos na cidade, embora as forças russas tenham obtido ganhos nas últimas semanas e cortado algumas linhas de abastecimento da Ucrânia.
O chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, que no domingo comemorou a tomada da vila de Krasna Hora, perto de Bakhmut, afirmou que as forças ucranianas estão enviando reservistas para os locais onde os combates estão ocorrendo. "Bakhmut não será tomada amanhã, porque há muita resistência", disse Prigozhin, no Telegram.
De acordo com Denis Pushilin, chefe da autoridade pró-Rússia em Donetsk, os confrontos estão mais acirrados na vila de Paraskoviivka, na periferia da cidade. "Não há perspectiva de que o inimigo se renda e deixe suas posições sem lutar", afirmou
Embora Kiev negue a retirada de militares, autoridades dão sinais de que a resistência pode estar perdendo ímpeto. O chefe militar regional, Pavlo Kirilenko, afirmou ontem que a Ucrânia "precisa focar em preparar linhas defensivas".
O oficial também revelou que as forças ucranianas reforçaram a retirada dos poucos civis que permaneceram na cidade. Da população de 70 mil antes do conflito, menos de 5 mil ficaram no local, dentre os quais, 140 crianças.
Após o sucesso da contraofensiva de setembro, que retomou boa parte do território perdido para a Rússia, o avanço ucraniano estagnou ao se deparar com as tropas russas mais concentradas e reforçadas por novos recrutas. Com os avanços cada vez mais raros, o conflito se tornou uma "guerra de desgaste e uma batalha logística", segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. "O ritmo do gasto de munições da Ucrânia é muitas vezes maior que o nosso ritmo de produção. Isto coloca nossa indústria de defesa sob pressão", disse.
O papel da Otan na defesa da Ucrânia é cada vez mais importante. Kiev espera a chegada dos tanques prometidos no mês passado, considerados essenciais para romper as linhas russas no leste. Atualmente, cerca de 100 soldados ucranianos estão na Polônia para aprender a operar o Leopard 2, de fabricação alemã. Os armamentos devem ser os primeiros a chegar em um número relevante ao país, antes do lote de tanques M-1 Abrams, de fabricação americana.
Ontem, os aliados da Otan se comprometeram a manter o envio de munição, de armas e acelerar a entrega dos tanques. No entanto, quanto aos pedidos por caças e mísseis de longo alcance, a aliança adotou cautela.
Pouco depois de autoridades ocidentais concordarem em enviar os tanques, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, direcionou seus pedidos para os aviões de guerra, alegando a necessidade de melhorar sua defesa antiaérea. O pedido não foi atendido, pois a Otan teme que as armas possam ser utilizadas dentro do território russo.
Na segunda-feira, Stoltenberg disse que a questão dos caças "não é a mais urgente no momento", mas admitiu que se trata de uma "discussão em andamento". "A necessidade urgente agora é cumprir o que já foi prometido", afirmou.
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