GUERRA RÚSSIA X UCRÂNIA

No aniversário da invasão russa, Zelensky promete 'vitória este ano'

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira novas sanções contra a Rússia

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 24/02/2023 às 16:19 | Atualizado em 24/02/2023 às 16:20
Handout / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
Presidente da Ucrânia em solenidade após um ano de guerra contra a Rússia - FOTO: Handout / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

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A Ucrânia prometeu nesta sexta-feira (24) conquistar a vitória contra a Rússia "este ano" e afirmou que prepara uma nova contraofensiva, no dia em que o conflito bélico mais longo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial completa um ano.

Doze meses após o início da invasão, as demonstrações internacionais de apoio a Kiev e de críticas a Moscou são intensas.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, anunciou em Kiev que quatro tanques pesados alemães Leopard 2 já haviam chegado à Ucrânia e prometeu enviar 60 tanques poloneses PT-91 "muito em breve".

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira novas sanções contra a Rússia, com medidas contra bancos e a indústria de defesa, para limitar o acesso de Moscou a tecnologias estratégicas, como os semicondutores.

"Nós resistimos. Não fomos derrotados. E faremos todo o necessário para conquistar a vitória este ano", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em um discurso divulgado nas redes sociais.

"A Ucrânia inspirou o mundo. A Ucrânia uniu o mundo", acrescentou, depois de chamar as cidades de Bucha, Irpin e Mariupol, cenários de crimes de guerra russos, de "capitais da invencibilidade".

Com a mesma determinação, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, prometeu uma nova contraofensiva: "Atacaremos com mais força e a partir de distâncias maiores, no ar, em terra, no mar e no ciberespaço. Nossa contraofensiva vai acontecer. Estamos trabalhando duro para prepará-la".

As tropas russas entraram na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Atualmente várias cidades ucranianas estão em ruínas, parte do país vive sob ocupação russa e o balanço de mortos e feridos em cada lado supera 150.000, de acordo com estimativas dos países ocidentais.

- "Guerra ilegal" -

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou em um comunicado que está "decidida a apoiar a Ucrânia" e pediu ao governo russo o fim imediato de sua "guerra ilegal". Também exigiu que as autoridades de Moscou respondam por seus "crimes de guerra".

O governo sueco disse que enviará 10 tanques Leopard 2, de fabricação alemã, depois que sua vizinha Finlândia anunciou o envio de três destes tanques pesados.

Em Paris, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores da bandeira ucraniana, azul e amarelo.

Em Londres, um minuto de silêncio será respeitado diante da embaixada da Rússia, um momento que terá as presenças de deputados e diplomatas.

Na Alemanha, onde um protesto está programado para acontecer diante da embaixada russa em Berlim, o chefe de Governo, Olaf Scholz, afirmou que Putin "não alcançará seus objetivos imperialistas".

A Assembleia Geral da ONU aprovou na quinta-feira, por 141 votos a favor, sete contra e 32 abstenções, uma resolução que exige a "retirada imediata, completa e sem condições de todas as forças militares russas" da Ucrânia.

A China, que tenta se posicionar como parte neutra no conflito, ao mesmo tempo que mantém laços estreitos com a Rússia, apresentou na quinta-feira uma proposta de 12 pontos para uma "solução política" para o conflito, na qual faz um apelo por diálogo, alerta que armas nucleares não devem ser usadas e pede que os civis não sejam atacados.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, expressou ceticismo com o plano. "A China não tem muita credibilidade porque não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia. E, além disso, assinou alguns dias antes da invasão um acordo (...) de associação ilimitada com a Rússia", disse.

"Não é um plano de paz, é um documento de posicionamento, no qual a China reuniu todas as suas posições expressas desde o início" da invasão russa, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

- "Medo" -

Os serviços de inteligência ucranianos apontam o risco de "provocações em larga escala" por parte da Rússia durante o dia, incluindo séries de bombardeios.

Os ucranianos admitem o cansaço após um ano ao som de sirenes de alerta e com os cortes constantes no abastecimento de energia elétrica e água provocados pelos bombardeios, mas acreditam em um final favorável do conflito.

Oksana, moradora de Kramatorsk (leste), 60 anos, admite que vive "com medo" e espera "a paz".

Galyna Gamulets, 64 anos e moradora de Bucha, afirmou que tem orgulho de sua nação e que o país terá "sucesso" em expulsar os invasores.

De acordo com uma pesquisa recente, 17% dos ucranianos perderam um parente na guerra e 95% acreditam na vitória.

A Rússia apostava em uma vitória rápida, que permitiria manter a Ucrânia dentro de sua esfera de influência.

Um ano depois - e após reveses militares significativos e inesperados -, Moscou ainda espera conquistar as quatro regiões do leste e sul que reivindicou há alguns meses, em particular a área ao redor da cidade de Bakhmut, cercada há vários meses.

- "Até a Polônia"-

O fundador do grupo paramilitar russo Wagner afirmou nesta sexta-feira que suas tropas assumiram o controle da localidade de Berkhiva, ao norte de Bakhmut.

O ex-presidente e número dois do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, afirmou que o país conquistará a "vitória" e está disposto a seguir "até as fronteiras da Polônia".

Estados Unidos e os países da União Europeia (UE) concederam ajudas que superam 135 bilhões de dólares (692 bilhões de reais) à Ucrânia, segundo o Kiel Institute for the World Economy.

Além das sanções anunciadas, o governo dos Estados Unidos divulgou que prepara um novo pacote de ajuda militar de 2 bilhões de dólares.

Reunidos na Índia, os ministros das Finanças do G7 discutiram novas sanções e aumentaram o apoio econômico a Kiev para US$ 39 bilhões.

O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), organização internacional especializada na luta contra a lavagem de dinheiro, anunciou a suspensão da Rússia como Estado-membro, acusando-a de violar seus "princípios fundamentais".

 

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