JUSTIÇA SOB ATAQUE

Presidente argentino abre ano legislativo com novas críticas ao Judiciário

Fernández, de 63 anos, afirmou que "o Judiciário não conta com a confiança pública, não funciona com eficácia e não se mostra com a necessária independência perante os poderes de fato e políticos".

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Publicado em 01/03/2023 às 22:53
ESTEBAN COLLAZO/PRESIDÊNCIA DA ARGENTINA
Governo de Alberto Fernandez enfrenta crise - FOTO: ESTEBAN COLLAZO/PRESIDÊNCIA DA ARGENTINA

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, abriu nesta quarta-feira (1º) no Congresso o último ano legislativo de seu mandato com um discurso repleto de críticas ao sistema judiciário, uma nova escalada em seu confronto com a justiça.

Fernández, de 63 anos, afirmou que "o Judiciário não conta com a confiança pública, não funciona com eficácia e não se mostra com a necessária independência perante os poderes de fato e políticos".

Sua vice-presidente, Cristina Kirchner, foi condenada em dezembro a seis anos de prisão e inabilitação política por corrupção, processo que o presidente descreveu como "absurdo jurídico".

Fernández promove um julgamento político de magistrados da Suprema Corte, a quem acusa de se aliar à oposição.

O confronto se intensificou em dezembro, quando a Suprema Corte decidiu a favor do governo da cidade de Buenos Aires, administrada pela oposição, em uma disputa sobre a distribuição de impostos.

Em seu discurso perante os legisladores, Fernández voltou a insistir na "necessidade de trabalharmos juntos para fazer os ajustes necessários no sistema judiciário".

Ele não disse se vai concorrer à presidência este ano. Abordou a situação econômica do país e a inflação, que no ano passado foi de 94,8%, problema que corrói a sociedade argentina.

"Não pretendemos negar as dificuldades (...), a alta inflação que todos sofremos é um fator central na desorganização da nossa economia. Estamos empenhados em reduzi-la sem gerar aumento dos níveis de pobreza ou freios ao crescimento", declarou.

O presidente, porém, destacou as conquistas de sua política econômica. Depois de uma queda de 10% em 2020 causada pela covid-19, a economia cresceu 10,3% em 2021 e 5,4% em 2022. E as projeções, disse, são boas para este ano: "serão três anos consecutivos de crescimento", algo que não acontecia desde 2008.

O governo Fernández chegou a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no início de 2022 para refinanciar uma dívida de 44 bilhões de dólares (228 bilhões de reais), herdada do governo anterior, chefiado por Mauricio Macri, de centro-direita.

Por isso, o presidente lembrou que manter o equilíbrio fiscal do país é o "horizonte", um pedido do FMI.

 

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