Da redação, com informações da AFP e da Estadão Conteúdo
A China divulgou, neste domingo (5), no 14º Congresso Nacional do Povo (NPC, em sua sigla em inglês), uma das metas de crescimento mais baixas dos últimos anos para 2023. Em um plano mais global, o primeiro-ministro assegurou que “a economia chinesa vive uma sólida recuperação” após três anos de abrandamento do crescimento devido à pandemia e às duras restrições sanitárias aplicadas por Pequim.
Mesmo assim, a meta de crescimento foi fixada em "cerca de 5%", uma das menores em décadas. Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 3%, um dos piores resultados em 40 anos em um contexto de desaceleração econômica, pandemia, bloqueios e crise imobiliária.
Estes dados foram apresentados na abertura da sessão de nove dias que deve certificar a reeleição de Xi Jinping como presidente por mais cinco anos. Em outubro, ele foi confirmado em suas funções à frente do Partido Comunista (PCCh).
O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu aumentar a capacidade manufatureira do país para não depender dos mercados estrangeiros, informou a imprensa estatal nesta segunda-feira (6).
Em seu discurso anual ao Parlamento em Pequim no domingo, Xi disse que a China deve ser capaz de se manter sozinha. "Sempre disse que há duas áreas críticas para a China: uma é proteger nossa tigela de arroz e a outra é construir um forte setor manufatureiro", disse Xi ao jornal estatal People's Daily.
"Como uma grande nação de 1,4 bilhão de habitantes, devemos confiar em nós mesmos", acrescentou. "Não podemos depender dos mercados internacionais para nos salvar".
Xi fez as observações durante uma reunião com delegados da província chinesa de Jiangsu.
Pequim insiste na necessidade de construir uma indústria autossuficiente e abandonar as importações em setores considerados vitais para a segurança nacional, como semicondutores e inteligência artificial.
Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos reforçou as sanções contra os fabricantes de chips chineses, citando preocupações de segurança nacional e a possibilidade de que a tecnologia ser utilizada pelo Exército chinês.
Novo primeiro-ministro
É improvável que questões delicadas sejam debatidas na sessão parlamentar na qual Li Qiang, ex-líder do PCCh em Xangai e político próximo a Xi Jinping, deve ser nomeado o novo primeiro-ministro.
Devem ser abordadas questões políticas, econômicas e sociais como a taxa de natalidade, o bem-estar animal, a educação sexual, o assédio online e as relações com Taiwan.
Apesar de a política de "zero covid" ter prejudicado a sua imagem, Xi mantém uma posição "bastante forte" na liderança do partido, tornando-o quase intocável, considera Alfred Muluan Wu, professor da Universidade Nacional de Singapura.
A segurança foi reforçada em Pequim nos últimos dias que antecederam ao evento, com controles na entrada da capital e agentes de segurança nas ruas e pontes.
China quer gerar 12 milhões de empregos
Autoridades econômicas da China expressaram nesta segunda-feira (6) confiança de que cumprirão a meta de crescimento deste ano de "cerca de 5%", ao gerar 12 milhões de novas vagas e encorajar os gastos dos consumidores, após o fim dos controles contra a covid-19.
Autoridades de planejamento do gabinete não anunciaram detalhes sobre gastos nem outras iniciativas para reativar o crescimento, que desacelerou a 3% no ano passado, o segundo mais fraco em décadas. Mas afirmaram que planejam uma série de medidas para cumprir as metas anunciadas no domingo (5) pelo premiê Li Keqiang de elevar a renda e encorajar a inovação.
Os esforços para impulsionar a economia chinesa têm implicações globais, após vendas fracas no varejo, em automóveis e no setor imobiliário conterem a demanda por importações. O país é o maior mercado exportador para seus vizinhos asiáticos e uma fonte de receita importante para companhias ocidentais.
"Há muitos instrumentos de política na caixa de ferramentas", afirmou o vice-presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, Li Chunlin, em entrevista coletiva durante reunião da legislatura cerimonial da China.
O relatório de trabalho do premiê no domingo foi inusualmente breve, com poucos detalhes, o que sugere que o Partido Comunista deve aguardar até um novo premiê e os ministros do governo serem nomeados neste mês para anunciar outras mudanças em tributos, regulação e subsídios.
A meta de criação de empregos para este ano é de 12 milhões, superior à do ano passado, de 11 milhões, mas inferior aos 12,1 milhões de fato conseguidos em 2022, segundo Li.
Aumento de gastos militares
O orçamento de defesa, o segundo maior do mundo atrás dos Estados Unidos, aumentará 7,2% este ano, para o equivalente a 225 bilhões de dólares (cerca de 1,16 trilhão de reais), seu maior aumento desde 2019.
Diante de quase 3.000 delegados do Congresso Nacional do Povo (NPC, em sua sigla em inglês) reunidos no Grande Salão do Povo em Pequim, o primeiro-ministro em final de mandato, Li Keqiang, assegurou que “as tentativas de contenção vindas do exterior não param de se intensificar”.
Por isso, apelou para que os treinamentos do Exército sejam "intensificados", assim como a "prontidão para o combate", enquanto se acentuam as tensões entre EUA e China, sobretudo em relação ao futuro da ilha de Taiwan.
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