ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

ELEIÇÕES: Partidos de direita tentam derrubar primeira-ministra na Finlândia

As eleições acontecem apenas alguns dias depois que a Turquia deu luz verde, na quinta-feira, à sua entrada na Aliança Atlântica (Otan)

Imagem do autor
Cadastrado por

Mirella Araújo

Publicado em 02/04/2023 às 14:53 | Atualizado em 02/04/2023 às 15:02
Notícia
X

AFP

A Finlândia realizou, neste domingo (2), seus eleições legislativas, nas quais os partidos de centro-direita e anti-imigração buscam derrubar a primeira-ministra social-democrata Sanna Marin. Os colégios eleitorais abriram às 09h (3h no horário de Brasília) e encerram às 20h (14h em Brasília). Cerca de 40% dos eleitores votaram antecipadamente.

A Finlândia, com 5,5 milhões de habitantes, poderá assim juntar-se à onda nacionalista que varre a Europa, após a ascensão dos conservadores ao poder na vizinha Suécia e a vitória da extrema-direita na Itália.

As eleições acontecem apenas alguns dias depois que a Turquia deu luz verde, na quinta-feira (30), à sua entrada na Aliança Atlântica (Otan). "As pesquisas mostram que a tendência política mais à direita na Finlândia está ganhando força", disse à AFP Juho Rahkonen, do instituto de pesquisa E2.

Tradicionalmente, o partido com mais apoio entre os oito principais do Parlamento costuma reivindicar o cargo de primeiro-ministro e tentar formar um governo.

A última pesquisa publicada na quinta-feira pelo canal público Yle aponta para uma pequena vantagem do partido de centro-direita Coalizão Nacional, com 19,8%, à frente do nacionalista e anti-imigração Partido dos Finlandeses, com 19,5%. O Partido Social Democrata (SDP) de Marin ficaria em terceiro lugar com 18,7%.

A jovem política tomou posse em 2019, aos 34 anos, tornando-se a primeira-ministra mais jovem do mundo. As pesquisas a classificam como a primeira-ministra mais popular do século na Finlândia, mas esse sucesso não garante a ela assentos suficientes no Parlamento.

"Embora seja excepcionalmente popular, também desperta oposição. A divisão política foi reforçada", explicou Rahkonen.

OPOSIÇÃO A MARIN

Enquanto alguns a veem como uma líder firme que conseguiu administrar a pandemia de covid-19 e o processo de adesão à Otan, outros a consideram uma líder inexperiente responsável pelo aumento da dívida pública.

 Um deles é Petteri Orpo, líder da Coalizão Nacional. "Quero consertar nossa economia. Quero impulsionar o crescimento econômico", disse à AFP, acusando Marín de não se importar com o assunto.

A relação dívida/PIB da Finlândia passou de 64% em 2019 para 73%, valor que a Coalizão Nacional propõe reduzir com um corte de gastos de 6 bilhões de euros (cerca de 33,13 bilhões de reais em valores atuais).

Marin, por outro lado, acusa a Coalizão Nacional de querer "tirar dos pobres para dar aos ricos". Na disputa também está o Partido dos Finlandeses, cujo apoio disparou desde o verão passado devido ao aumento dos preços da energia e do custo de vida ligados à guerra na Ucrânia.

Markus Hällsten, um eleitor de 31 anos, disse à AFP que acredita que "o partido nacionalista de extrema direita provavelmente vencerá... infelizmente, então estou cumprindo meu dever de detê-los".

O partido eurocético promove uma dura política de imigração, defende deixar a União Europeia em longo prazo e quer adiar a meta de neutralidade de carbono do país em 2035.

As negociações para formar um governo se anunciam difíceis. Marin já descartou formar um governo com o Partido dos Finlandeses, que ele chamou de "abertamente racista".

O líder da Coalizão Nacional assegurou que está aberto a esta opção, apesar de descordar da formação em questões relativas à imigração, União Europeia e política climática.


Tags

Autor