O comandante do Exército de Israel prometeu nesta segunda-feira (15) responder ao ataque sem precedentes do Irã, que aumentou o temor de uma escalada regional do conflito na Faixa de Gaza.
Israel "responderá ao lançamento destes inúmeros mísseis, mísseis de cruzeiro e drones no território do Estado de Israel", declarou o general Herzi Halevi, durante visita à base militar de Nevatim, no sul do país.
A declaração do Exército de Israel, que prossegue com seus combates contra o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, aumenta o temor da comunidade internacional, em alerta desde a chuva de mísseis e drones lançada pelo Irã no fim de semana em resposta a um atentado a bomba contra seu consulado em Damasco no último dia 1º, atribuído a Israel.
Israel afirma que o ataque iraniano "foi frustrado", e o Irã considerou o "assunto resolvido", com um alerta ao inimigo contra qualquer "comportamento imprudente" que possa desencadear uma reação "muito mais forte".
Segundo o Exército de Israel, 99% dos projéteis foram interceptados. O governo americano declarou que a operação foi "um fracasso impressionante" para Teerã.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou nesta segunda-feira seu gabinete de guerra para estudar uma possível resposta. O presidente americano, Joe Biden, declarou hoje que deseja evitar uma propagação do conflito no Oriente Médio.
"Não apoiamos um ataque em represália", declarou hoje o chefe da diplomacia do Reino Unido, David Cameron, ao canal BBC. Já o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo que as partes evitem uma "conflagração", um pedido compartilhado por grande parte da comunidade internacional.
União contra o Irã
Netanyahu convocou hoje a comunidade internacional a permanecer unida frente à agressão do Irã, que ameaça a paz mundial, afirmou, em mensagem publicada no X.
O porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, deu hoje as primeiras declarações oficiais sobre o bombardeio ao consulado iraniano na capital síria: “O que sei é que aqueles que morreram em Damasco eram membros da Força Quds, pessoas envolvidas em terrorismo contra o Estado de Israel. Entre esses terroristas havia membros do Hezbollah e assessores iranianos. Não havia um único diplomata ali, pelo que sei. Não sei de nenhum civil que tenha morrido nesse ataque."
O Exército de Israel afirmou que o ataque iraniano não o desviará do objetivo de eliminar o movimento islamista palestino Hamas, aliado do Irã.
A guerra explodiu quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro e mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses. Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.797 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.
Antes do amanhecer, dezenas de bombardeios atingiram o setor de Khan Yunis, no sul da estreita Faixa de Gaza. Dezoito corpos foram recuperados dos escombros e levados para um hospital, informou a Defesa Civil.
Netanyahu, segue determinado a iniciar uma ofensiva terrestre contra a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza e apontada como o último reduto do Hamas, apesar das advertências dos Estados Unidos e de outros países, que temem um banho de sangue.
Segundo a ONU, quase 1,5 milhão de moradores de Gaza deslocados pela guerra estão aglomerados em Rafah, a maioria em acampamentos improvisados.
'À beira do abismo'
Na reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada ontem em caráter de urgência, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou para uma possível intensificação do conflito no Oriente Médio. "Nem a região nem o mundo podem se permitir mais guerras", clamou Guterres. "O Oriente Médio está à beira do abismo."
O Irã defende a destruição de Israel, Estado que não reconhece, e até o último sábado não havia atacado diretamente o território israelense. Seus aliados, o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, fizeram vários ataques contra Israel desde o começo da guerra em Gaza.
O Hezbollah anunciou hoje que detonou "artefatos explosivos" na passagem de soldados israelenses que cruzaram a fronteira com o Líbano. Um porta-voz militar confirmou à AFP que soldados ficaram feridos e que o incidente ocorreu no Líbano.