Juiz de Nova York multa Trump em US$ 9 mil por ofensa no tribunal
Trump foi multado por nove violações da ordem que havia recebido para não atacar o tribunal
O ex-presidente Donald Trump foi multado em 9 mil dólares (46 mil reais na cotação atual) nesta terça-feira (30) por insultar testemunhas e membros do júri em seu julgamento criminal em Nova York, onde o juiz Juan Merchan alertou que poderá prendê-lo em caso de reincidência.
Segundo Merchan, que anunciou a sua decisão a Trump na abertura de uma nova audiência do julgamento, o acusado violou a ordem de não insultar testemunhas, jurados, membros do tribunal ou seus familiares.
"O tribunal não tolerará violações repetidas de suas ordens e, se necessário e nas circunstâncias adequadas, irá impor uma pena de prisão", enfatizou o juiz.
Trump foi multado por nove violações da ordem que havia recebido para não atacar o tribunal.
Cada uma foi punida com 1.000 dólares e ele foi ordenado a remover "os comentários ofensivos" até a tarde desta terça-feira - sete dos quais foram postados em sua plataforma Truth Social e dois no site de sua campanha para as eleições de novembro.
Falsificação de registros comerciais
O juiz emitiu sua ordem antes da retomada dos depoimentos no histórico julgamento do magnata republicano sob a acusação de falsificar registros comerciais para pagar 130 mil dólares (424 mil reais na cotação da época) pelo silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem ele teve um suposto caso extraconjugal.
Antes da decisão do magistrado, os promotores levantaram novas violações, que serão examinadas na quinta-feira, com possíveis novas sanções para Trump.
Ao chegar ao tribunal, o candidato presidencial republicano voltou a se apresentar como vítima de um processo judicial "orquestrado pela Casa Branca e por juízes e procuradores democratas" e voltou a pedir a Merchan, que costuma classificar como "corrupto", que se retire do caso.
Primeiro presidente dos EUA a enfrentar acusações criminais
Trump é o primeiro ex-presidente americano a enfrentar acusações criminais, e a sua presença obrigatória no tribunal limita a dedicação integral à campanha eleitoral, menos de sete meses antes da sua esperada revanche com o democrata Joe Biden, que o derrotou em 2020.
O bilionário é acusado de falsificar registros comerciais para reembolsar seu então advogado, Michael Cohen, no valor de 130 mil dólares (424 mil reais na cotação da época) pagos a Daniels poucos dias antes da eleição de 2016, na qual ele derrotou a democrata Hillary Clinton.
Daniels, de 45 anos, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, na época ameaçou tornar pública sua história sobre um suposto encontro sexual com Trump em 2006 que poderia ter atrapalhado sua campanha na Casa Branca.
O republicano nega ter tido relações sexuais com ela e aproveitou as aparições fora do tribunal de Manhattan para criticar a sua acusação, dizendo que constitui uma "caça às bruxas".
Gary Farro, ex-CEO do agora extinto First Republic Bank, prestou depoimento nesta terça-feira, após um breve depoimento na sexta-feira.
Cohen, uma espécie de intermediário de Trump, detalhou como este "cliente difícil", para quem "90% das vezes os pedidos eram urgentes", tinha lhe pedido para abrir uma conta para uma nova empresa, que serviria de fachada para pagar Daniels.
"Se o cliente tivesse me dito que era uma empresa fantasma, não teria aberto a conta", afirmou.
Espera-se que Cohen, que se tornou um crítico ferrenho de Trump, e Daniels sejam as principais testemunhas durante o julgamento.
A abertura da processo judicial foi dominado na semana passada pelo depoimento de um ex-editor do tabloide National Enquirer, que alegou ter removido histórias potencialmente prejudiciais sobre Trump.
David Pecker, de 72 anos, descreveu uma prática conhecida como "pegar e matar", que envolvia comprar e depois enterrar histórias picantes que poderiam ter sido embaraçosas para o magnata do setor imobiliário e prejudicado sua campanha.