Hamas diz que ofensiva israelense no norte de Gaza pode afundar esforços de cessar-fogo

O grupo militante disse num comunicado que o seu principal líder político, Ismail Haniyeh, alertou os mediadores sobre o "colapso" das negociações

Publicado em 08/07/2024 às 21:00

O Hamas alertou nesta segunda-feira (8) que a expansão das operações militares de Israel na Cidade de Gaza e o deslocamento de milhares de residentes poderiam ter "repercussões desastrosas" nas negociações que visam um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses.

O grupo militante disse num comunicado que o seu principal líder político, Ismail Haniyeh, alertou os mediadores sobre o "colapso" das negociações, dizendo que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o exército do país assumiriam "total responsabilidade".

MAIS ATAQUES E MENOS DIÁLOGO

A declaração foi feita dias depois de os dois lados parecerem ter reduzido as lacunas nas negociações de longa data que visam interromper os combates nove meses após o início da guerra em Gaza. Esperava-se que as negociações sobre um cessar-fogo fossem retomadas esta semana. O Hamas quer um acordo que garanta a saída total das tropas israelenses de Gaza e que a guerra termine.

Israel diz que não pode parar a guerra antes que o grupo militante palestino seja eliminado. O governo pós-guerra e o controle da segurança do enclave também têm sido questões controversas.

NOVA EVACUAÇÃO

Moradores de Gaza recorreram a carros, bicicletas, cadeiras de rodas e outros meios para fugir, depois que o Exército de Israel determinou nesta segunda-feira (8) a evacuação de novos distritos.

Pela terceira vez desde 27 de junho, o Exército ordenou hoje o esvaziamento do centro da cidade, afetada há nove meses pela guerra entre o Hamas e Israel. As primeiras instruções afetaram o bairro de Shujaiya, que sofre com combates intensos há quase duas semanas, informaram testemunhas à AFP.

"Para onde vamos?", perguntava Abdullah Khamash, que fugia do bairro de Al Rimal. "Saímos às 3h, dormimos na rua e as pessoas nos deram cobertores. Agora, vamos voltar a viver nas ruínas", reclamou.

Enquanto drones vão e vêm com seu zumbido incessante, em terra os palestinos percorrem caminhos de areia, em meio a prédios reduzidos a pó ou danificados. Alguns transportam seus pertences em sacolas de plástico e outros fazem o trajeto em carroças puxadas por burros. Milhares de moradores fugiam, segundo testemunhas e a Defesa Civil.

Indescritível

Tanques israelenses posicionaram-se em vários distritos, enquanto outros avançavam em meio a bombardeios e ataques de drones, segundo moradores. Mohamed Bisan disse que teve "uma noite indescritível: "aviões, artilharia, drones disparando de todos os lados. Não sabemos por onde fugir."

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O Exército israelense lançou uma primeira ofensiva em Gaza dias após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro. Depois, continuou para o sul, anunciando em janeiro "o desmantelamento da estrutura militar" do movimento islamita palestino no norte.

O Exército informou que havia iniciado "uma operação antiterrorista" contra o Hamas e a Jihad Islâmica palestina em Gaza, principalmente em torno do prédio da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), que não comentou essa informação.

 

 

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