O Hamas reivindicou neste domingo (11) a aplicação do plano de trégua em Gaza apresentado pelo presidente americano Joe Biden, "em vez de realizar novas negociações", enquanto os moradores de Khan Yunis, no sul do território palestino, fogem diante da iminência de novos bombardeios israelenses.
O pedido do movimento islamista chega um dia depois de um bombardeio israelense que matou, segundo a Defesa Civil de Gaza, 93 palestinos em uma escola usada como abrigo para deslocados, provocando uma onda de protestos internacionais.
As negociações indiretas, mediadas por Estados Unidos, Egito e Catar, não atingiram nenhum resultado até o momento. Na sexta-feira, Israel aceitou retomá-las a partir de 15 de agosto, em resposta a um pedido dos mediadores.
No dia 31 de maio, Biden apresentou o plano, que ele atribuiu a Israel, contendo três fases.
A primeira prevê uma trégua de seis semanas e a retirada israelense das zonas densamente povoadas de Gaza, bem como uma troca de reféns mantidos em território palestino por presos palestinos detidos em Israel.
Em seu comunicado deste domingo, o Hamas "pede aos mediadores que apresentem um roteiro para implementar" esse plano, "baseado na visão de Biden e nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU".
O Hamas, que está no poder na Faixa de Gaza desde 2007, urge os mediadores a "forçar o ocupante [israelense] a aplicar [esse plano], em vez de realizar mais negociações ou apresentar novas propostas que serviriam de cobertura para a agressão da 'ocupação'".
Na Faixa de Gaza, Israel ordenou neste domingo os moradores de um bairro de Khan Yunis, no sul do território palestino, a deixarem o local rapidamente, em antecipação a novas operações militares contra "uma infraestrutura terrorista".
Centenas de palestinos saíram apressadamente do lugar, a pé ou em caminhonetes carregadas com colchões, roupa e utensílios de cozinha. Para muitos deles, é a enésima mudança que fazem desde o início da guerra.
"Fugi da Cidade de Gaza no começo da guerra para Khan Yunis", conta Um Sami Shaada, uma palestina de 55 anos.
"Minha filha morreu lá em um bombardeio, assim que fomos para Rafah", mais ao sul, "depois voltamos para cá e agora, com esta nova ordem de retirada, já não sabemos para onde ir", explica.
"Só nos últimos dias, mais de 75.000 pessoas foram deslocadas no sudoeste da Faixa de Gaza", afirmou na rede social X o diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.
Na Cidade de Gaza, no norte da Faixa, os serviços de emergência continuavam ativos neste domingo na escola bombardeada ontem, onde morreram 93 pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, segundo a Defesa Civil do território.
"Vamos levar mais dois dias para identificar os corpos despedaçados", afirmou Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil.
O Exército israelense afirmou que esse estabelecimento servia de base para o Hamas e a Jihad Islâmica (outro movimento islamista palestino) para "realizar ataques" contra seus soldados e indicou que, nessa operação, matou pelo "menos 19 terroristas".
A guerra estourou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos havia mais de 300 militares.
Também fizeram 251 reféns, dos quais 111 seguem em cativeiro em Gaza, segundo o Exército, que, no entanto, estima que 39 deles estariam mortos.
Em contrapartida, a ofensiva israelense em Gaza já deixou 39.790 mortos até agora, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não distingue entre o número de civis e combatentes mortos.
As tropas israelenses retornam periodicamente às áreas das quais haviam se retirado diante do ressurgimento de unidades do Hamas. Neste domingo, efetuou novos bombardeios em Khan Yunis.
De acordo com imagens da AFPTV, os palestinos compareceram em grande número ao hospital Nasser da cidade depois de um ataque, carregando mortos e feridos.
Os inimigos de Israel abriram outras frentes na região, que se tornou um barril de pólvora onde há o risco de uma conflagração regional.
O ponto mais quente está atualmente na fronteira com o Líbano, onde há dez meses ocorrem duelos de artilharia quase diários entre o Exército israelense e o Hezbollah libanês, aliado do Irã.
O Hezbollah anunciou que os bombardeios israelenses mataram três de seus combatentes no sul do Líbano, dois deles neste domingo. O Exército israelense assinalou que havia atacado infraestruturas do movimento islamista.
A tensão aumentou após os assassinatos do líder político de Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho em Teerã, que o Irã atribuiu a Israel; e de um comandante do Hezbollah, em 30 de julho, em um subúrbio de Beirute, que foi reivindicado por Israel.
O Irã e seus aliados prometeram dar uma resposta "severa" a essas mortes.
Na Cisjordânia ocupada, o Exército israelense indicou que um civil israelense morreu e outro ficou ferido por disparos de "terroristas".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que administra parcialmente a Cisjordânia, viaja neste domingo a Moscou, onde será recebido pelo presidente russo, Vladimir Putin.
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