eleições 2022

Lula vai ganhar as eleições?

Quem ganha no 1º turno para presidente, ganha no 2º. Foi assim nas eleições de FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Mesmo em 2014, no pleito mais disputado desde a redemocratização até então, Dilma venceu o 1º turno por 8 milhões de votos e, no 2º, levou por apertados 3 milhões, mas levou

JULIANO DOMINGUES
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JULIANO DOMINGUES
Publicado em 09/10/2022 às 6:00
BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Lula (PT) vota no primeiro turno das eleições 2022 - FOTO: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
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Há pelo menos seis razões para acreditar que Lula deve ganhar as eleições no próximo dia 30. Vejamos:

1) A vitória do petista no primeiro turno não é trivial, ao contrário, foi inédito. "Nunca antes na história deste país" um desafiante à presidência da República havia vencido o candidato à reeleição, o que já é suficientemente atípico, de modo que faturar já no 1º turno seria querer demais.

2) Quem ganha no 1º turno para presidente, ganha no 2º. Foi assim nas eleições de FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Mesmo em 2014, no pleito mais disputado desde a redemocratização até então, Dilma venceu o 1º turno por 8 milhões de votos e, no 2º, levou por apertados 3 milhões, mas levou.

3) Quem amplia alianças aumenta a chance de vitória. Zema (MG), Castro (RJ) e Garcia (SP) não são necessariamente adesões, pois concorreram para governador já com a simpatia de bolsonaristas. Já Tebet e Ciro são adesão "padrão ouro", pois seus eleitores, por óbvio, não votaram em Lula, mas são agora incentivados a aderir a ele.

4) Fake news não ganha eleição. As melhores evidências científicas até o momento dão conta de que o impacto da desinformação sobre o comportamento eleitoral serve muito mais para consolidar o voto de quem já estaria propenso a escolher determinado candidato do que levar alguém a mudar de opinião. Esse expediente tem sido mais usado por aliados de Bolsonaro, justamente quem mais precisa virar voto.

5) A alienação eleitoral (brancos, nulos e abstenções) será decisiva. Historicamente, ela era maior na região Nordeste, mas isso tem mudado. Desde 2010, o maior percentual de votos brancos e nulos passou a se concentrar no Sudeste, que nesta eleição se destacou como reduto bolsonarista. Em 2018, o percentual de votos inválidos atingiu o recorde de 12,4% no 2º turno, enquanto no Nordeste, de maioria lulista, ficou em 7,3%.

6) Quem vence em Minas Gerais, vence no Brasil. Desde a redemocratização, o resultado das urnas no estado é muito próximo do nacional para presidente. Por sua diversidade sociodemográfica, Minas é como um retrato do nosso país: em termos eleitorais, está para o Brasil assim como Ohio para os EUA. E Lula venceu por lá.

Dados desse tipo informam apenas sobre a probabilidade de algo ocorrer. Portanto, assim como em 2018, o imponderável pode acontecer, nada disso se confirmar e Bolsonaro ser reeleito no dia 30. Neste momento, porém, isso parece pouco provável.

Juliano Domingues, cientista político, é professor da Unicap.

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