Se é certo que colhemos o que plantamos, é certo também que não mandamos no nosso destino e que devemos respeitar a força da natureza - maior e mais decisiva que a nossa simples vontade e o ideal que perseguimos.
Hitler quis (e quase conseguiu) dominar o mundo, mas faltou combinar com Churchill, Stalin e...o inverno russo. Megalomaníaco (uma das características do psicopata), não aprendeu a lição de Napoleão Bonaparte, que já havia sucumbido ao frio russo e perdeu a guerra.
O ditador Solano López, que historiadores modernosos querem reabilitar como herói do Paraguai, com uma fajuta revisão histórica, não passava de um reles, ambicioso e vaidoso capitão de fandango que, admirador incondicional do eterno marido da trelosa Josefina de Beauharnais, queria conquistar toda a América do Sul. Tanto que se armou adredemente (gostou, Og?), comprando armamentos bélicos na Inglaterra e na França e treinando soldados com táticas de combate, para surpreender seus vizinhos e países "irmãos", começando por invadir o sul do Mato Grosso.
Mas, assim como com o inverno russo de Napoleão e do Führer, faltou combinar com a febre amarela e tifoide, a malária, a cólera, o impaludismo, a sífilis e outras doenças endêmicas, infecciosas e transmissíveis, muito comuns no continente, e que dizimaram cerca de vinte por cento de suas tropas tão bem armadas. E o sonho acabou.
Os navios negreiros, que transportavam escravos africanos para o Brasil, perdiam cerca de quarenta por cento de sua "mercadoria", vítimas de doenças tropicais comuns à época. O ebola reapareceu na África, espantando médicos e cientistas. O sarampo e a AIDS rondam a humanidade e muitos ainda morrem de pneumonia e tuberculose. A gripe espanhola matou entre dezessete e cinquenta milhões, mas seu vírus ainda resiste. O covid-19 deve ser seu neto, filho, irmão ou primo próximo.
Mas o homem não aprendeu. Enquanto destruímos o Planeta Terra, devastando florestas, poluindo cidades, lagoas, rios e mares, a natureza responde com enchentes, ciclones, tufões e secas nunca vistas; com o degelo da Antártica e o aumento do nível e temperatura dos oceanos. Não satisfeita, a natureza manda esse coronavírus, ceifando multidões. Em vez de resolver seus graves e urgentes problemas terrestres, as nações ricas gastam trilhões de dólares pra saber se tem água em Marte. E Trump prefere insultar a China e receitar injeção intravenosa de desinfetante.
Arthur Carvalho, Instituto Histórico de Olinda
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