... e ponto final!

OTÁVIO DO RÊGO BARROS
OTÁVIO DO RÊGO BARROS
Publicado em 17/12/2020 às 16:53

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Vida dura dos nossos mestres. Muitas dificuldades para ensinar aos seus pupilos a função gramatical do ponto final. Segundo Paschoal Cegalla, deve-se empregá-lo, principalmente, para fechar o período.

Ocorre, não raras vezes, usar-se a expressão: "e ponto final", para objetar uma discussão que esteja incômoda, sobretudo quando se percebe que não há argumentos para sustentá-la.

É o ponto final usado como trincheira comunicacional. Eventualmente, a discussão exigirá prosseguimento. Talvez por a ideia não ter sido aceita pela opinião pública, talvez por não agradar aos conchavos não republicanos.

Infelizmente, na política nacional, o ponto final transformou-se em uma vírgula, seguida de uma conjunção adversativa mas, porém, contudo, todavia...

É um mudar de ideia como trocar de roupa. Aliás, esse comportamento diversionista não é exclusividade de nossos homens públicos.

O presidente Trump afirmou, certa feita, que o senador McCarthy, prisioneiro de guerra no Vietnã, não seria herói já que fora aprisionado por longos anos.

- prisioneiros não são heróis.

Só faltou aquele mandatário usar a frase "tupiniquim": e ponto final!

A declaração gerou repúdio tanto entre republicanos, quanto democratas. Em menos de 24 horas, já estava o presidente Trump, com toda desfaçatez, elogiando o senador McCarthy como um verdadeiro herói de guerra.

O sociólogo Manuel Castells, na sua obra "Ruptura", comentou o processo de gestão empregado por Trump: "toma as decisões e as comunica aos que devem executá-las. Em seguida, muda de ideia ao perceber que poderão acarretar problemas para ele. Quando as críticas se exacerbam, volta às suas bases".

Se Castells estivesse discorrendo sobre alguns de nossos políticos, não precisaria mudar uma vírgula sequer de seu texto.

Mestres, não se exasperem! Promovam o aprimoramento de seus alunos. Eles serão agentes sociais da transformação em nosso País.

Até então, deixemos a sociedade perceber as contradições dos seus políticos. Só ela pode lhes impor um ponto final.

Isso é a Democracia. Educar é saber frustrar. A cada eleição nos educamos mais. Se estamos frustrados, estudemos mais intensamente a lição sobre o verbete cidadania. E ponto final!

Feliz Natal. E um Ano Novo com mais esperanças.

Paz e bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros, general do Exército

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