A vitória de Artur Lira para a presidência da Câmara dos Deputados desarrumou o centro. Isto significa que a tão sonhada Frente Ampla contra o presidente Bolsonaro perdeu força para ser construída. Jair Bolsonaro adquiriu com o sucesso de Artur Lira as condições para colocar em campo a Frente Ampla contra a esquerda, especificamente contra o PT. A chegada de Lira à presidência da Câmara foi evento ótimo para o PT e para Bolsonaro.
Não existem extremos no Brasil no âmbito político. Bolsonaro não é um candidato pertencente ao extremo. O candidato do PT também não é. Portanto, a polarização entre extremos que é tão verbalizada não existe. Enquanto o Centrão estiver presente na dinâmica da política brasileira, extremos não existirão. O presidente Bolsonaro tem o Centrão como aliado. O PT também já se aliou ao Centrão. Portanto, o Centrão não permite extremos.
Jair Bolsonaro pode reativar o Auxílio Emergencial. Fazer as reformas Administrativa e Tributária. Defender amplo e eficiente Plano de Vacinação contra a Covid-19. E evitar a ideologização forte do seu governo. Se assim fizer, a sua popularidade tende a voltar a crescer. Com isto, será difícil para o Centrão abandonar o candidato-presidente em 2022. O DEM sugeriu na eleição para a Câmara dos Deputados que é mais um partido do Centrão. Por consequência, deixou o PSDB solitário. E a solidão do PSDB poderá continuar em 2022.
O Centrão não caminhará com o PT ou com outra candidatura de esquerda caso Bolsonaro esteja com alta ou razoável popularidade. A candidatura de Ciro Gomes (PDT) inibe a união da esquerda. O PSOL poderá estar aliado ao PT. O PSB, por enquanto, sonha com a candidatura de centro-esquerda, a qual, neste momento, perdeu força em virtude da vitória de Artur Lira.
A vitória de Artur Lira trouxe o cenário eleitoral ideal para o presidente Bolsonaro: a disputa polarizada entre lulismo/petismo versus bolsonarismo. Tal cenário também é adequado ao PT. Pois, eleitoralmente, o PT pode conquistar eleitores indiferentes a Bolsonaro e a Lula. A rejeição ao PT oferta motivação para os sufragistas indiferentes escolherem Bolsonaro.
No âmbito político, as peças estão arrumadas para 2022. Embora, as atitudes inesperadas do presidente Bolsonaro possam desarrumá-las. No âmbito eleitoral, isto é, quanto ao desejo do eleitor, o enigma precisa ainda ser decifrado.
Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política, professor Associado da UFPE.
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