A bombástica decisão do ministro Edson Fachin do STF sobre as condenações envolvendo o ex-presidente Lula, tornando-o apto a voltar à arena eleitoral, deve mexer completamente com o tabuleiro do pleito de 2022.
As pesquisas de intenção de voto sobre a corrida presidencial, ainda relativamente escassas diante do lapso de tempo que falta para a eleição, devem acontecer com mais frequência agora, exercendo o seu papel protagônico de sempre.
Nas pesquisas divulgadas até agora, o presidente Jair Bolsonaro, mesmo em processo de queda de popularidade, tem aparecido sempre na liderança de intenções de voto contra vários potenciais candidatos (Sergio Moro, Ciro Gomes, Fernando Haddad, João Dória, Guilherme Boulos, João Amoedo, Luciano Huck, etc.), inclusive contra o próprio Lula.
Por exemplo, no levantamento do Instituto Paraná Pesquisas deste mês de março, realizado antes da decisão do STF, são testados cinco cenários com diferentes postulantes. A média de intenção de votos do presidente Bolsonaro é 34% e a média do segundo colocado é 14%. Lula, no cenário 4, é quem mais se aproxima do líder, registrando 18% de intenções de voto.
Neste cenário, aliás, Bolsonaro leva vantagem sobre os seus adversários em todos os estratos socioeconômicos (gênero, educação, idade, emprego, região), exceto na região Nordeste, onde aparece empatado com Lula com 27% de intenção de votos.
Enfim, estes resultados espelham um padrão sistemático nos levantamentos dos diferentes institutos, com Bolsonaro na liderança e Lula aparecendo como seu competidor mais forte (ocasionalmente, Moro). Se esse padrão se mantiver, supondo que Lula realmente decida por candidatar-se, a nefasta polarização de 2018 será revivida, desta feita muito mais acentuada pela presença do ex-presidente.
As pesquisas eleitorais mais à frente, sempre com a carga emocional que transmitem, encarregar-se-ão de clarear os horizontes para as três possibilidades que se vislumbram:
(1) Bolsonaro mantém ou amplia a liderança, ecoando (de novo) o grande sentimento antipetista que graça urbi et orbi na sociedade; (2) Lula desperta o eleitorado da esquerda e as forças antibolsonaristas, disputando a primeira posição, e (3) os eleitores decidem dar um basta na confrontação e na dualidade que estão tornando o Brasil uma terra arrasada e enveredam por uma alternativa que não a que está posta.
Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos
*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC
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