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Enquanto a vacina contra covid-19 não vem

"Com a curva ascendente de casos, indicando aumento de 57% na média de mortes, só o que nos resta fazer, enquanto mais vacinas não chegam, é mantermos o distanciamento social e não relaxarmos no uso de máscaras". Leia a opinião de Cida Pedrosa

Cida Pedrosa
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Publicado em 23/03/2021 às 6:09
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Atualmente, Pernambuco está destinando vacina da covid-19 para idosos com idades entre 70 e 74 anos - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
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O boletim da Secretaria de Saúde Pernambuco, divulgado na terça-feira (16), mostrou um assustador número de vidas perdidas para a covid-19 no Estado: foram 60 mortes em apenas 24 horas, pior cenário desde agosto do ano passado. Só esse dado já é suficiente para justificar as medidas restritivas, adotadas pelo Governo do Estado na tentativa de evitar que a pandemia continue fazendo vítimas e provocando o colapso dos sistemas público e privado de saúde.

Com a curva ascendente de casos, indicando aumento de 57% na média de mortes, só o que nos resta fazer, enquanto mais vacinas não chegam, é mantermos o distanciamento social e não relaxarmos no uso de máscaras.

Todo esse sofrimento poderia ter sido amenizado se, desde o início, tivesse havido um enfrentamento da pandemia, coordenado pelo Ministério da Saúde. Mas a omissão e indiferença do presidente Bolsonaro, que já teve quatro ministros da Saúde em um ano e preferiu ocupar o tempo estimulando a população a ir para as ruas, desprezando o uso de máscaras e recomendando tratamentos com remédios sem eficácia comprovada pela ciência, conduziu o país a uma tragédia anunciada, com milhares de doentes sem leitos para atendê-los e quase três mil mortos por dia, número equivalente às vidas perdidas nos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos que tanto chocaram o mundo.

Enquanto parte da população se mantém apreensiva pelo longo tempo de confinamento e sem perspectiva imediata de vacinação, outra parte sente a fome bater à porta. A crise sanitária arrasta consigo uma crise econômica que já deixou milhões de pessoas sem emprego ou renda. Basta um passeio por qualquer avenida do Recife para perceber o aumento do número de pedintes nos semáforos.

A recriação tardia do auxílio emergencial, que além de demorada foi aprovada às custas de grandes perdas para os servidores públicos, não vai atender a todos que precisam e terá valor bem inferior ao de uma cesta básica.

Em meio à tanta provação, a luz no fim do túnel vem do Consórcio Nordeste, com anúncio da compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, que será compartilhada com todo o país. Em se tratando de pandemia, a lição aprendida é que não há resposta fora da ciência, assim como em estados democráticos não há soluções fora da política. Política que tanta falta faz agora em Brasília.

Cida Pedrosa, vereadora do Recife

 *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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