O ano é 2022. As mulheres conquistam cada vez mais espaço na sociedade e, a cada dia que passa, o Brasil é menos machista e as mulheres estão plenamente satisfeitas. Ledo engano!
Em pesquisa realizada pelo Observatório FEBRABAN, em parceria com o IPESPE, o sentimento da mulher brasileira é exatamente o contrário. A mulher está insatisfeita ou muito insatisfeita com o tratamento recebido na sociedade brasileira atualmente.
Como já é bastante propagado, a violência contra a mulher começa dentro do seu próprio lar. 75% das mulheres entrevistadas pela FEBRABAN-IPESPE afirmam que a violência contra a mulher acontece em casa.
E o que continua a causar indignação da sociedade, ou pelo menos deveria, é que 58% das mulheres dizem que os autores das agressões são pessoas conhecidas; e 80% destas dizem que o agressor foi o cônjuge, companheiro ou namorado.
O ano é 2022 e 69% das mulheres responderam que não possuem direitos equivalentes aos homens. 40% já foram vítimas ou conhecem alguma mulher que foi vítima de assédio moral no trabalho. O mesmo percentual (40%) afirma ter sido vítima ou conhece mulheres que foram vítimas de assédio sexual.
O impressionante percentual de 79% das mulheres afirma não ter remuneração equivalente aos homens.
Mais da metade das mulheres entrevistadas já foram vítimas ou presenciaram alguma situação de preconceito ou discriminação contra mulheres em espaços públicos e privados como: na rua, no transporte público, em festas ou locais de eventos e lazer. O desrespeito parece ser generalizado.
O ano é 2022 e a pesquisa mostra que oito a cada dez mulheres se coloca insatisfeita ou muito insatisfeita com o tratamento recebido na sociedade. No Nordeste do Brasil o número ultrapassa os 85%, sendo que 21% das nordestinas afirmam que nos últimos 10 anos não houve alteração positiva em relação a desigualdade entre os gêneros e 22% afirma ter piorado.
O ano é 2022 e precisamos escrever uma nova história para um Brasil sem violência sexual e de gênero. Com oportunidades e direitos iguais entre homens e mulheres. Sem distinção de cor, credo e, principalmente, com igualdade absoluta entre os homens e mulheres.
Estudos como o da FEBRABAN/IPESPE são fundamentais para lançar luzes sobre como a mulher brasileira se percebe e enxerga o modo como a sociedade brasileira avançou - ou não - no que tange ao seu papel e a sua importância como ser social. O caminho do enfrentamento é extenso, mas, como nunca, necessário.
Priscila Lapa, cientista política; Sandro Prado, economista.
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