O turismo é um dos primeiros setores impactados, quando das crises econômicas. A pandemia, por exemplo, em função das medidas de isolamento social, foi um impedimento aos deslocamentos, ocasionando, em todo o globo terrestre, uma paralisia nas demandas turísticas, o que deve causar um impacto negativo da ordem de US$ 4 trilhões na economia mundial, cenário este até então inimaginável e à margem de todos os prognósticos, até mesmo os mais pessimistas.
No Brasil, o turismo, segundo o IBGE, impacta, em sua teia proativa, 52 atividades profissionais e é responsável por 3,7% do PIB, mas, como causa da pandemia, sofreu uma redução de mais de 390 mil postos de trabalho, no setor e aproximadamente 20% de decesso na arrecadação de impostos federais. A Organização Mundial do Turismo (OMT) emitiu exortação às lideranças internacionais para que insiram o turismo como prioridade em seus esforços e ações de recuperação econômica pós-pandemia.
O turismo de natureza, há muito desprezado pelo poder público brasileiro, se mostra como uma ferramenta em curto prazo útil, servindo-se do que o Brasil tem de melhor: sua natureza e a cultura de um povo resiliente e alegre, para resgatar e melhorar o tecido socioeconômico do país. A prática do turismo, como sabido, é de base municipal, daí a importância das cidades no fomento e difusão dessa atividade geradora de empregos diretos e indiretos, de impostos e, sobretudo, de inclusão social.
A nossa gente teve o longo período da pandemia para, no seu isolamento, pensar e refletir sobre a vida, outros hábitos e costumes, um novo jeito e um novo caminhar nos dias que se seguirão após o malsinado período.
Viajar, segundo pesquisas amplamente divulgadas pelo Ministério do Turismo (MTur), tem sido a humana ansiedade de toda gente. Viagens de lazer, porque divertir-se é o tônico às depressões a que fomos acometidos. Viagens de curta duração sinalizam ser a prioridade do momento. As internacionais vão esperar um pouco mais, haja vista o valor do dólar e o medo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Mas, atenção à sustentabilidade do turismo e à resiliência da gente brasileira. Segurança está hierarquizada como o fator principal. Protocolos de higienização também. O visitante de uma forma geral precisa sentir a sensação de bem-estar e nessa sensação estão segurança, limpeza, higienização, protocolos de segurança sanitária e de recomendações às medidas sanitárias.
Estamos, portanto, no limiar de um novo tempo. A hora é de trabalho e confiança. Os gestores públicos, dos estados e dos municípios, assenhorados da importância do turismo ao desenvolvimento socioeconômico, da necessidade imperiosa de zelar pelo meio ambiente, inclusive para que o turismo não destrua o próprio turismo, também, com especial ênfase à cultura, aqui entendida nas suas diversas linguagens, na preservação das suas raízes e na rigorosa manutenção do patrimônio físico-cultural.
Viajar, um cometimento espiritual ao bem-estar, aos sonhos e à vida!
Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco.
Comentários