Os agregadores de pesquisas que mostram o desempenho dos candidatos na intenção de votos revelam estabilidade do ex-presidente Lula e leve recuperação do presidente Bolsonaro. O que chama a atenção não é a variação positiva do mandatário da República, pois era algo esperado. Mas a paralisia do ex-presidente. Lula estacionou.
O candidato do PT deve está no 2° turno. Afirmo isto em razão de que mesmo diante da avassaladora Lava Jato, o lulismo possibilitou a ida de Fernando Haddad para o turno final da eleição de 2018. Nesta época, inclusive, Lula estava preso. Portanto, por que Lula, solto e em conjuntura econômica favorável, não disputará o último turno da disputa presidencial? Todavia, Lula não tem, recentemente, conquistado eleitores, apesar da sua rejeição ter declinado fortemente desde 2017.
Em dezembro de 2021, em artigo neste espaço, afirmei que três cenários estavam presentes. O primeiro, sucesso do candidato do PT no 1° turno. O segundo, disputa entre Lula e Bolsonaro no turno final. Por fim, o terceiro cenário: Lula versus um candidato que não seja o presidente Bolsonaro. Neste instante, o segundo cenário é o mais palpável. Seguido do primeiro. E, por fim, o terceiro. Contudo, indago: Lula pode, ainda, vencer a eleição no 1° turno?
O grande desafio do ex-presidente é diminuir a sua rejeição, e, por consequência, aumentar o seu teto eleitoral. O PT e o Lula utilizam estratégia correta para vencer a eleição, qual seja: reavivar a memória do eleitor para a bonança econômica da era Lula. Mas como bem mostram as pesquisas, inclusive as qualitativas, tal estratégia não está sendo suficiente para permitir que Lula cresça nas pesquisas e readquira chances de vencer a eleição no 1°turno. Não se deve considerar como primeiro cenário que Jair Bolsonaro declinará. O turbilhão de eventos que atingiu Jair Bolsonaro em 2020 e 2021 revela, claramente, a força do bolsonarismo.
Resta, portanto, ao Lula, diminuir a sua rejeição. O antipetismo tem espaço no eleitorado brasileiro e dificulta novo sucesso eleitoral do ex-presidente Lula. Ter como estratégia exclusiva a bonança da era Lula para diminuir a rejeição ao PT e ao lulismo não é suficiente. O PT e Lula devem ir além da economia: outros temas, inclusive as decisões da Justiça que anularam as condenações de Lula, precisam estar presentes no discurso dos referidos atores. Além da defesa intransigente da democracia. É vital, também, que Lula possa atrair, além de Alkmin, nomes de peso, incluso economistas, como Armínio Fraga, Pérsio Árida e Pedro Malan, para a sua campanha.
Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política. e professor da UFPE.
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